São Paulo, 15 de julho de 2025 — A aliança entre o empresariado brasileiro e Jair Bolsonaro implodiu. Após o tarifaço de Trump contra o Brasil, líderes do setor privado acusam o clã de rifar o país por ambições pessoais.
Crise comercial expõe fratura entre elite econômica e bolsonarismo
A ruptura não é apenas simbólica: é estratégica. A ofensiva tarifária de Donald Trump sobre produtos brasileiros, e a condução caótica da resposta por Eduardo Bolsonaro, detonaram o último elo entre o clã e o empresariado nacional. A avaliação corrente é direta — os Bolsonaro estão sabotando a economia brasileira para proteger seus próprios interesses e manter relevância política diante do colapso judicial que os ronda.
Empresários de peso já enviaram sinais ao Centrão de que não seguirão sustentando o bolsonarismo. Os relatos, publicados por Valdo Cruz no g1, indicam que há repulsa à omissão de Jair Bolsonaro e fúria diante do comportamento incendiário de Eduardo, que opera alinhado à política externa de Donald Trump sem considerar os danos ao setor produtivo nacional.
A insatisfação não é mais sussurrada nos bastidores. Um dos executivos ouvidos resume: “Eles rifaram o país para proteger o projeto de poder da própria família”.
Tarifaço de Trump: o custo da submissão
A tarifa de 50% imposta por Donald Trump contra exportações brasileiras é vista, dentro do setor empresarial, como resultado direto da submissão da extrema direita brasileira aos interesses geopolíticos dos EUA. Eduardo Bolsonaro é apontado como o responsável por acirrar os ânimos e encobrir as consequências da nova guerra comercial com discursos delirantes sobre “aliança conservadora” e “comunismo global”.
Para os empresários, a conexão ideológica entre o clã Bolsonaro e o trumpismo radical não pode mais ser romantizada como afinidade política — trata-se agora de sabotagem calculada. “Perdemos acesso a mercados estratégicos por causa de uma provocação burra”, diz um dirigente da indústria paulista.
O silêncio de Jair Bolsonaro — que poderia ao menos conter o próprio filho — tem sido lido como conivência. “Esperávamos que o pai colocasse limites, mas ele só pensa em salvar a si mesmo”, aponta outro empresário.
Tarcísio se distancia e vira aposta de contenção
Diante do vácuo de racionalidade política à direita, um novo nome ganha musculatura: Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo, que antes hesitava em enfrentar o bolsonarismo puro, agora capitaliza o desgaste do clã e se posiciona contra a tarifa imposta por Trump.
O gesto foi suficiente para que lideranças empresariais passassem a vê-lo como alternativa. “Errou no começo, mas corrigiu o rumo”, disse um industrial ouvido pela reportagem. O aceno de Tarcísio é lido como pragmatismo econômico: o recado ao bolsonarismo é que o setor produtivo não aceitará mais ser refém de cruzadas ideológicas e personalistas.
Bolsonaro isolado: da aliança burguesa ao cerco judicial
O rompimento com a elite empresarial se dá no momento em que o Supremo Tribunal Federal caminha para selar a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe. A PGR apresentou nesta semana suas alegações finais, classificando o ex-presidente como “líder de organização criminosa” e “autor intelectual e beneficiário central da intentona golpista de 2023”.
O parecer, assinado por Paulo Gonet, descreve Bolsonaro como um operador doloso de ataques institucionais, que instrumentalizou o Estado para destruir a democracia por dentro. É nesse contexto que o clã tenta se manter à tona — e o empresariado, outrora cúmplice silencioso, agora quer distância.
Perguntas e Respostas
O que levou o empresariado a romper com Bolsonaro?
A sabotagem econômica provocada pela aliança com Trump e a crise das tarifas.
Quem é responsabilizado pela crise com os EUA?
Eduardo Bolsonaro, com o aval direto de Jair Bolsonaro, segundo empresários.
O que dizem os empresários sobre Bolsonaro?
Que ele age por interesse pessoal e não tem compromisso com o país.
Tarcísio é visto como alternativa?
Sim. Passou a ser elogiado por confrontar a tarifa de Trump com pragmatismo.
Qual a situação judicial de Bolsonaro?
Enfrenta pedido de condenação no STF como líder de uma tentativa de golpe.
