Brasília, 15 de julho de 2025 — Em publicação nas redes, Eduardo Bolsonaro admitiu que a tática do “tudo ou nada” falhou. A tentativa do clã de barganhar a soberania do país por anistia judicial não vingou.
Um desespero sem disfarce
A publicação de Eduardo Bolsonaro nesta terça-feira não foi um desabafo político. Foi uma confissão. O plano do clã, construído sobre ameaças externas e chantagens diplomáticas, afundou — e agora resta o discurso apocalíptico de sempre. Diante da iminente condenação de Jair Bolsonaro, o filho do ex-presidente assumiu que o “all-in”, aposta total em manobras de impunidade, deu errado.
A referência explícita a um Brasil entre “democracia ou Venezuela” não é apenas desonesta. É também sintomática de quem já sabe que perdeu. Eduardo Bolsonaro deixou claro que a estratégia de emparedar o país para salvar o pai não funcionou nem dentro nem fora do Brasil. Trump subiu a tarifa, a elite econômica se afastou e a Justiça brasileira prossegue o cerco ao bolsonarismo.
A chantagem diplomática fracassada
A tentativa de vincular decisões do Supremo Tribunal Federal ao comércio exterior foi uma das mais grotescas apostas da extrema direita brasileira desde a intentona golpista. Bolsonaro ofereceu o Brasil — seus acordos, seu mercado, sua dignidade diplomática — em troca de blindagem judicial. Quando Trump impôs uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, o plano desmoronou.
Eduardo agora tenta disfarçar o colapso da estratégia com um discurso de redenção moral: “poderemos olhar nos olhos de nossos filhos”. Mas os fatos não mentem. O que ele chama de “nada” não é um regime totalitário futuro, mas a falência da própria aposta autoritária de sua família.
Isolamento crescente, apoio em queda
Nem os aliados internacionais — como Donald Trump — nem os setores empresariais brasileiros seguiram a cartilha bolsonarista. A rejeição do empresariado às bravatas contra os EUA e a aproximação com figuras como Tarcísio de Freitas revelam o enfraquecimento interno do bolsonarismo.
A tática de promover o caos para se colocar como solução — velha fórmula de fascismos fracassados — não convence mais nem parte da direita brasileira. A elite já entendeu que o preço de sustentar Bolsonaro é alto demais, inclusive para seus próprios lucros.
A retórica do abismo
Na ausência de resultados, Eduardo insiste na velha retórica do medo: ou o impeachment de Alexandre de Moraes, ou o socialismo venezuelano. A oposição será aniquilada, os pobres esmagados, os ricos empoderados. Uma construção binária que repete a cartilha da extrema direita global — sem sequer reconhecer a soberania popular, o papel das instituições ou os limites constitucionais.
O que o filho de Bolsonaro descreve como “única alternativa” é, na prática, o caminho da ruptura, do golpismo e da instabilidade permanente. É o “nada” como projeto político.
Perguntas e Respostas
Eduardo Bolsonaro reconheceu o fracasso da estratégia do clã?
Sim. Admitiu que o “tudo ou nada” falhou, expondo o desespero do grupo.
Qual era o objetivo da pressão internacional?
Forçar uma anistia judicial para Jair Bolsonaro, usando o comércio com os EUA como moeda de chantagem.
Donald Trump ajudou Bolsonaro?
Não. Pelo contrário, impôs sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.
Qual a reação da elite econômica?
Rejeição. Empresários romperam com o clã e criticaram o uso do país para fins pessoais.
Há riscos institucionais reais?
O risco maior é o discurso golpista contínuo que busca deslegitimar o Judiciário e as eleições.
