São Paulo, 19 de julho de 2025 — Em novo ataque violento nas redes, Antonia Fontenelle ofendeu a deputada Erika Hilton com declarações racistas, transfóbicas e ameaçadoras, provocando forte reação social e possível responsabilização judicial.
Violência de classe e ódio racial como entretenimento
Ao transformar seu canal no YouTube em palanque de intolerância, Antonia Fontenelle reacendeu a máquina de desinformação e ódio dirigida contra vozes negras e trans no Parlamento. Em vídeo publicado na sexta-feira (18), ela se referiu à deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) com expressões racistas como “preta do cabelo duro” e acusou a parlamentar de tentar “se embranquecer”. O conteúdo, além de abertamente racista, carrega violência transfóbica e ameaça direta: “Eu puxo a peruca e te deixo careca”.
Fontenelle não apenas se coloca como inimiga declarada de Erika Hilton, como insinua que um confronto físico seria inevitável. A fala, registrada e publicamente disseminada, combina incitação ao ódio, ataque à identidade de gênero e ameaça à integridade física de uma mulher negra trans eleita democraticamente.
Reação social imediata: basta de impunidade digital
A resposta não demorou. Milhares de usuários denunciaram o vídeo nas plataformas e juristas ligados a movimentos de direitos humanos anunciaram ações judiciais por crime de ódio. Especialistas alertam que o discurso de Fontenelle não é mero “exagero verbal”, mas uma reedição explícita do racismo colonial travestido de opinião.
A parlamentar, uma das vozes mais combativas do Congresso, ainda não se pronunciou oficialmente. Segundo sua assessoria, o material está sob análise para embasar medidas jurídicas. Fontenelle, por sua vez, permanece em silêncio — silêncio típico de quem sempre contou com a impunidade para seguir violentando corpos racializados e dissidentes.
Racismo, transfobia e ameaça: os crimes que o vídeo registra
O Brasil, onde uma pessoa trans é assassinada a cada dois dias e onde negros representam mais de 75% das vítimas de homicídio, não pode normalizar esse tipo de violência midiática. Ao verbalizar estigmas raciais e de gênero como insultos e reforçar estereótipos de embranquecimento como superioridade, Fontenelle comete crimes que vão muito além da injúria: ela perpetua um projeto social de apagamento.
Erika Hilton não é exceção. Ela é alvo por ser mulher, negra, trans, eleita e insurgente. A perseguição midiática e digital que sofre representa uma tentativa de expulsão simbólica de corpos dissidentes da política institucional. Fontenelle, ao personificar esse discurso de exclusão, revela o quão estruturado é o ódio racial e de gênero na esfera pública brasileira.
Privilégios brancos e o sistema de justiça seletivo
Casos como o de Fontenelle colocam à prova o compromisso das instituições com a justiça racial e de gênero. Quando o racismo é escancarado, a transfobia é vocalizada e a ameaça é registrada em vídeo, não há espaço para tergiversação.
A omissão ou demora do Ministério Público em responder pode ser lida como cumplicidade. A impunidade branca sempre operou como autorização tácita para a manutenção do apartheid social e simbólico no país. Erika Hilton tem o direito à proteção, à reparação e ao exercício de seu mandato sem ser alvo de violência racista.
Perguntas e Respostas
O que Antonia Fontenelle disse contra Erika Hilton?
Chamou a deputada de “preta do cabelo duro” e lançou ataques racistas e transfóbicos.
Quais crimes podem ser imputados a Fontenelle?
Racismo, transfobia, ameaça e incitação ao ódio, previstos no Código Penal e na Lei Antirracismo.
Erika Hilton vai processar Fontenelle?
A assessoria informou que analisa o conteúdo para decidir as medidas judiciais cabíveis.
O vídeo ainda está disponível?
O conteúdo circula amplamente nas redes, mesmo após denúncias e pedidos de remoção.
Fontenelle já foi responsabilizada por discursos semelhantes?
Ela tem histórico de ataques públicos, mas raramente enfrentou consequências legais proporcionais.