Brasília, 6 de agosto de 2025 — O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) agrediu fisicamente o jornalista Guga Noblat, do canal ICL Notícias, nos corredores da Câmara dos Deputados, durante a tarde desta quarta-feira (6). A violência ocorreu após o repórter perguntar ao parlamentar sobre a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) e a sobretaxa comercial imposta por Donald Trump contra o Brasil.
O episódio marca um novo ponto de tensão entre parlamentares bolsonaristas e a imprensa, em meio à radicalização do discurso da oposição no Congresso. Testemunhas relatam que Bilynskyj partiu para o ataque ao ser confrontado sobre seu histórico violento, segurando o pescoço do repórter e gritando de forma agressiva.
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Agressão após provocações verbais
O confronto teve início quando Guga Noblat perguntou ao deputado como ele avaliava o impacto das medidas de Trump e a reação do governo Lula. Visivelmente alterado, Bilynskyj respondeu com insultos e ironias:
“Você tem ideia do que está acontecendo com o país ou só fica fazendo propaganda do Lula?”, disse o parlamentar, que também chamou o repórter de “tchutchuca do Lula”.
Em seguida, Noblat mencionou o passado polêmico do deputado: “Se você faz o que faz com mulher, imagina o que faria comigo.” A frase desencadeou a agressão física. Segundo relatos, Bilynskyj agarrou o pescoço do repórter e exigiu que ele explicasse a insinuação. O momento foi registrado por cinegrafistas presentes no local.
Apesar da tensão, seguranças da Casa intervieram para evitar consequências mais graves. A Diretoria-Geral da Câmara informou que irá apurar o caso.
Histórico de violência marca trajetória do parlamentar
Paulo Bilynskyj, antes de entrar na política, ganhou notoriedade como delegado da Polícia Civil de São Paulo e influenciador digital alinhado ao bolsonarismo. Ele se envolveu em um caso de grande repercussão nacional em 2020, quando sua então namorada, a modelo Priscila Delgado Barrios, foi encontrada morta em seu apartamento.
Na época, a investigação concluiu que a jovem teria disparado contra Bilynskyj e cometido suicídio. A versão oficial, no entanto, é contestada pela família de Priscila, que questiona inconsistências no inquérito e aponta possíveis indícios de responsabilidade do hoje deputado.
O caso foi arquivado em 2021, mas segue cercado de controvérsias. Bilynskyj sobreviveu aos disparos, mas sofreu sequelas físicas, como a amputação do dedo médio da mão direita e a perda de movimentos em parte do corpo.
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Reações no Congresso e expectativa por medidas disciplinares
O episódio gerou forte reação nos corredores do Congresso. Parlamentares de oposição e da base do governo cobraram providências da Mesa Diretora da Câmara, especialmente diante do agravamento da retórica agressiva de deputados bolsonaristas nos últimos dias.
O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), ainda não se manifestou oficialmente. Nos bastidores, aliados afirmam que há pressão para que a Câmara adote medidas disciplinares contra Bilynskyj, como advertência ou suspensão.
Entidades de jornalismo, como a Abraji e a Fenaj, também repudiaram a agressão, classificando o ato como mais um ataque à liberdade de imprensa por parte de setores extremistas da política brasileira.

