Brasília, 8 de agosto de 2025 — Parlamentares bolsonaristas promoveram motim na Câmara, impedindo o presidente Hugo Motta de assumir a mesa, com ao menos dois deputados portando armas de fogo dentro do Congresso, violando norma vigente desde 1963.
A Câmara dos Deputados, palco do motim vergonhoso e ilegal articulado por bolsonaristas esta semana, testemunhou um ataque direto à democracia. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi bloqueado fisicamente e ameaçado por extremistas enquanto tentava retomar os trabalhos legislativos, que incluíam o debate da pauta da anistia para os envolvidos no ataque de 8 de janeiro.
Mas a violência extrapolou as imagens públicas de tumulto. Segundo informações da Revista Forum, fontes com acesso privilegiado no Congresso confirmaram que pelo menos dois deputados bolsonaristas estavam armados com pistolas automáticas escondidas sob seus paletós durante o motim. Esses parlamentares, com passado em segurança pública, infringiram a lei federal que proíbe expressamente armas no Congresso Nacional desde 1963.
Histórico de ilegalidade ignorada
A proibição do porte de armas no Congresso foi instituída após o assassinato do senador José Kairala (PSD-AC) em 1963, disparado “por engano” pelo senador Arnon de Mello (PDC-AL). O episódio chocou o país e gerou uma norma vigente até hoje, que vetou o porte de armas em todas as dependências do Parlamento brasileiro, incluindo plenários da Câmara e do Senado.
Apesar disso, a escalada bolsonarista insiste em desafiar essa regra básica. Em 2023, o deputado bolsonarista José Medeiros (PL-MT) tentou flexibilizar a legislação com um projeto que liberaria o porte de armas para parlamentares, mas a tentativa ainda não avançou.
Violência e ameaça à democracia
Além da presença armada, o motim contou com cenas de intimidação direta: o deputado Zé Trovão (PL-SC) bloqueou fisicamente a passagem de Hugo Motta, enquanto parlamentares como Marcelo Van Hattem (Novo-RS) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) gritaram ameaças. Em um episódio chocante, a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) usou a própria filha bebê como escudo humano, numa demonstração da escalada irresponsável e perigosíssima desses grupos.
O motim e a ameaça armada são desdobramentos claros da retaliação bolsonarista à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, relator do processo que apura a tentativa de golpe entre 2022 e 2023.
Entenda o caso: Armas no Congresso
- Por que armas são proibidas?
Após o assassinato ocorrido em 1963 dentro do Congresso, foi instituída lei proibindo armas em suas dependências para garantir a segurança dos parlamentares e a integridade do Legislativo. - Quem desrespeitou a lei?
Ao menos dois deputados bolsonaristas com histórico em segurança pública portaram pistolas no Congresso durante o motim, o que é ilegal independentemente da posse ou porte formal. - Qual a justificativa bolsonarista?
Nenhuma oficial foi apresentada, mas a presença armada simboliza a tentativa de intimidação e ruptura institucional. - Há risco de flexibilização?
Projetos de lei foram apresentados para liberar armas a parlamentares, mas ainda não obtiveram aprovação.
Risco e omissão institucional
A afronta armada no Congresso expõe uma crise grave de segurança e desrespeito às normas democráticas. A omissão das autoridades frente a esse episódio reforça o perigo da normalização da violência política e do bolsonarismo extremista.
O episódio pode ser apenas o começo de uma escalada ainda mais perigosa, enquanto lideranças políticas parecem hesitar em reagir com a firmeza necessária para conter a barbárie parlamentar.