Brasília — 8 de agosto de 2025 — O deputado Túlio Gadêlha (REDE-PE) protocolou representação no Conselho de Ética contra a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) por quebra de decoro parlamentar, após a bolsonarista participar de protesto no Congresso Nacional levando a filha recém-nascida e ocupando a cadeira da presidência da Câmara dos Deputados.
Denúncia mira uso político de criança em ato no Congresso
A ação do líder da REDE pede investigação e eventual cassação do mandato de Júlia Zanatta. A iniciativa ganhou apoio de parlamentares progressistas e motivou manifestação do Conselho Tutelar, que expressou preocupação com a presença da criança em um ambiente marcado por tensão política e risco à integridade física.
Segundo Gadêlha, o episódio extrapola divergências partidárias e configura uso político de uma criança para blindar ações de confronto institucional. Ele enquadrou a conduta no contexto de um movimento que busca “subverter a ordem democrática por meios ilegais e articulações internacionais”.
Envolvimento de Marcos Pollon agrava denúncia
A representação também inclui o deputado Marcos Pollon (PL-MS), que participou da ocupação e foi o último a deixar a cadeira da presidência. Pollon proferiu insultos contra o deputado Arthur Motta, chamando-o de “bosta” e “baixinho de um metro e 60”. Para Gadêlha, as ofensas revelam o caráter hostil e golpista da ação.
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Defesa tenta minimizar impacto
Nas redes sociais, Júlia Zanatta alegou que as críticas seriam tentativa de “desqualificar seu trabalho como mulher e parlamentar”. Disse que levou a bebê por estar em fase de amamentação e negou ter usado a criança como escudo. A estratégia discursiva, porém, foi classificada por adversários como manobra de vitimização para deslocar o foco das acusações de afronta ao regimento e ao decoro.
O que está em jogo
1. Por que a denúncia é grave?
A acusação envolve uso de uma criança em ato político e possível violação ao Código de Ética da Câmara.
2. Qual o contexto político?
O protesto integra a agenda de parlamentares alinhados ao bolsonarismo, que têm intensificado ataques ao STF e à ordem constitucional.
3. Há precedente?
Ocupações simbólicas e discursos inflamados já ocorreram, mas levar criança a um ato dessa natureza é fato inédito no Legislativo brasileiro.
Desdobramentos possíveis
O Conselho de Ética deverá analisar o caso nas próximas semanas. Se aceitar a denúncia, abrirá processo que pode levar à cassação do mandato. O episódio reforça o uso de táticas midiáticas pelo PL e expõe a aposta de setores bolsonaristas na escalada de confrontos para tensionar as instituições democráticas.