Brasília – 9 de agosto de 2025 – O governo brasileiro acusou neste sábado os Estados Unidos, sob gestão de Donald Trump, de realizar novo ataque à soberania nacional após declarações do vice-secretário do Departamento de Estado, Christopher Landau, e da Embaixada dos EUA insinuarem que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes teria “usurpado poder”.
Investida trumpista reabre crise diplomática
As mensagens, publicadas no X, repetem a retórica de ataques à Corte e ecoam a narrativa bolsonarista contra o STF. O Executivo brasileiro classificou o episódio como “um novo ataque frontal à democracia que derrotou tentativa de golpe de Estado” e reafirmou que o país “não se curvará a pressões externas”.
O Itamaraty desmentiu as declarações de Landau, chamando-as de “falsas” e “inaceitáveis”. A reação ocorre um dia após a convocação do encarregado de Negócios da embaixada, Gabriel Escobar, para explicar ameaças a aliados de Moraes emitidas pela representação diplomática norte-americana.
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Representante dos EUA no Brasil sob pressão
Sem embaixador nomeado por Trump, Escobar é o principal representante norte-americano em Brasília. Sua atuação ocorre em um momento de tensão bilateral, agravada desde que Washington incluiu Alexandre de Moraes na lista de sanções da Lei Magnitsky — instrumento usado para punir estrangeiros acusados, de forma arbitrária, de corrupção ou violações de direitos humanos.
A última representante, Elizabeth Frawley Bagley, deixou o cargo após a posse de Trump, marcando uma ruptura na interlocução diplomática.
Reação política interna expõe alinhamento bolsonarista
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou as falas de Landau como “arrogantes” e “gravíssima ofensa ao Brasil, ao STF e à verdade”. Ela também acusou a família Bolsonaro de agir em conluio com Trump, citando “chantagem” e apoio ao “motim bolsonarista” pela anistia de golpistas.
Retórica hostil e acusação sem base
As postagens norte-americanas alegam que “um único juiz” estaria “usurpando poder ditatorial” e comprometendo as relações bilaterais ao tentar aplicar a lei brasileira em território dos EUA. O texto descreve a situação como “sem precedentes e anômala” e questiona se haveria registro histórico de um juiz “não eleito” controlando o destino de uma nação.
O governo Lula reagiu afirmando que tais alegações se enquadram na estratégia de intimidação e desinformação praticada por aliados externos do bolsonarismo.
O que está em jogo
Quem se beneficia das sanções?
O governo Trump usa a Lei Magnitsky para constranger autoridades que enfrentam agendas extremistas no Brasil.
Qual o impacto diplomático imediato?
O episódio amplia o desgaste nas relações bilaterais e pode afetar acordos econômicos e cooperação jurídica.
Há precedentes?
Nos últimos anos, apenas regimes considerados hostis aos EUA foram alvo de ataques semelhantes, o que reforça o caráter político da medida.
Defesa da soberania em qualquer arena
O Itamaraty reiterou que o Brasil seguirá defendendo suas instituições “em qualquer foro internacional” e denunciando retrocessos democráticos, internos ou externos. O governo considera que a ofensiva trumpista é parte de um projeto coordenado de ingerência estrangeira articulado com setores da extrema-direita brasileira.