O ex-presidente Jair Bolsonaro orientou a bancada do PL a abandonar a pressão pela anistia e concentrar esforços na aprovação do fim do foro privilegiado. A mudança ocorreu após o motim de 30 horas da oposição na Câmara e surpreendeu aliados, que haviam priorizado o projeto com incentivo direto do ex-mandatário.
Mudança abrupta de estratégia
Segundo interlocutores, Bolsonaro decidiu recuar para transmitir uma “sensação de autonomia” ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sem apresentar justificativa detalhada. A decisão gerou desconforto entre líderes bolsonaristas que haviam colocado a anistia no topo da agenda legislativa.
A reorientação teria sido motivada pela constatação de que não há votos suficientes para aprovar o texto, mesmo com o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que atua em sintonia com o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para pressionar o Legislativo brasileiro.
Reduzir desgaste e preservar a base
A manobra busca também evitar o agravamento da crise com Hugo Motta, que analisa punições contra 14 deputados envolvidos na invasão da Mesa Diretora. Suspensões de até seis meses poderiam enfraquecer a bancada bolsonarista e reduzir sua capacidade de ação no Congresso.
O fim do foro privilegiado, agora prioridade, é visto por Bolsonaro como uma oportunidade para reforçar seu discurso político diante do risco de condenação por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF). Embora a mudança de instância seja improvável, a aprovação da proposta poderia embasar uma onda de ações judiciais para questionar decisões da Corte.
Olho no STF e tática para atrasar decisões
O ex-presidente aposta ainda em um eventual voto contrário do ministro Luiz Fux na Primeira Turma do STF. Nesse cenário, a defesa tentaria levar o julgamento ao plenário, onde aliados como André Mendonça e Kássio Nunes Marques poderiam pedir vista do processo, retardando uma condenação definitiva que pode levá-lo à prisão.

