Golpe

Augusto Heleno nega papel central em trama golpista

Defesa afirma ao STF que ex-ministro de Bolsonaro teve atuação periférica e sem impacto decisivo

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Augusto Heleno (Foto: Ton Molina/STF)

A defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou nas alegações finais enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o militar não desempenhou papel central na trama golpista investigada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso integra o chamado núcleo 1 do inquérito, que reúne ex-integrantes do alto escalão acusados de conspirar contra o sistema democrático brasileiro.

Defesa contesta acusação da PGR

Na denúncia, a Procuradoria-Geral da República (PGR) atribuiu a Heleno apoio a medidas que buscavam desacreditar o sistema de Justiça, a votação eletrônica e iniciativas articuladas pelo ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, então subordinado à pasta. Segundo a acusação, as ações visavam “construir estratégias para enfraquecer as instituições”.

No entanto, os advogados do general sustentam que as provas colhidas durante o processo “afastam qualquer hipótese de protagonismo” de seu cliente. “Uma análise detida dos fatos narrados na denúncia revela que a conduta do general Heleno foi meramente acessória e periférica em relação ao núcleo organizacional, não havendo elementos que indiquem relevância causal para o êxito da empreitada criminosa”, diz a manifestação.

Última etapa antes do julgamento

O documento da defesa foi protocolado junto ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, no prazo final de 15 dias estabelecido pelo STF. O período para entrega das alegações termina nesta quarta-feira, às 23h59. Essa fase processual representa a última oportunidade para os réus se manifestarem antes do julgamento, que poderá resultar em absolvições ou condenações.

Além de Bolsonaro e Heleno, também devem apresentar alegações finais os ex-ministros Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem. O tenente-coronel Mauro Cid, que optou por colaborar com as investigações, já entregou seu posicionamento no mês passado.

Réus do núcleo 1 da trama golpista

  • Jair Bolsonaro — ex-presidente da República
  • Alexandre Ramagem — ex-diretor da Abin
  • Almir Garnier — ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres — ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF
  • Augusto Heleno — ex-ministro do GSI
  • Paulo Sérgio Nogueira — general e ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto — ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente
  • Mauro Cid — ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.