Um embate violento marcou a sessão da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial (CDHMIR) da Câmara dos Deputados nesta semana.
O bolsonarista Gilvan da Federal (PL-ES) atacou com insultos transfóbicos a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que havia proposto uma audiência pública sobre saúde mental de pessoas transmasculinas.
Transfobia aberta em sessão da Câmara
Durante a discussão, Gilvan da Federal debochou da proposta e lançou insinuações misóginas e transfóbicas contra Erika Hilton. O parlamentar afirmou que a deputada estaria “apaixonada” por ele e disparou: “O que minha esposa tem, você não tem”.
A reação da deputada foi imediata. Hilton rebateu de forma contundente: “Que nojo! O senhor me respeite! O senhor é um homem baixo, asqueroso, nojento”.
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Tentativa de desqualificação e ataques pessoais
Além da ofensa direta, o bolsonarista ironizou a vida pessoal de Erika Hilton, citando bolsas de luxo e maquiador em gabinete, numa tentativa de deslegitimar a militância da deputada. Em tom de deboche, disse: “Você não manda em mim, você manda no teu maquiador. Você tem que elevar o capitalismo…”.
A psolista denunciou o caráter discriminatório das falas: “Ele teve a baixeza de insinuar que eu estaria me apaixonando por ele. Eu tenho compaixão pela esposa, que precisa conviver com um homem desse nível. Essas pessoas vêm aqui para manter projetos de morte e enriquecimento ilícito”.
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Resistência e resposta de Hilton
Erika Hilton reafirmou sua trajetória e denunciou o ódio dirigido a sua identidade: “Sobre as minhas bolsas, eu digo de uma vez por todas: não devo satisfação do que faço com o fruto do meu trabalho. O incômodo é ver uma mulher como eu, negra, travesti, vinda dos lugares que eu vim, ocupar este espaço de cabeça erguida”.
A deputada concluiu: “Não me intimido diante dos canalhas. Eu não venho aqui a passeio, não venho para fazer baderna”.
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Histórico de agressões de Gilvan
Gilvan da Federal retornou ao mandato em agosto, após cumprir suspensão de três meses. O afastamento havia sido imposto por declarações misóginas contra a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, a quem chamou de “prostituta do caramba”.
O episódio reforça a escalada de ataques de parlamentares bolsonaristas contra mulheres e parlamentares progressistas, revelando o nível de degradação do debate legislativo brasileiro.