A bandeira do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), emerge como elemento central na disputa eleitoral de 2026 entre candidatos da extrema direita.
Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Paraíba registram tensão entre pré-candidatos ao Senado que buscam manter apoio do eleitorado bolsonarista sem se confrontar diretamente com a Corte.
Pressão e posicionamento em São Paulo
Em São Paulo, o secretário de Segurança Guilherme Derrite (PP), apontado como favorito do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o Senado, é criticado por não participar de manifestações pedindo o impeachment de Moraes. A ausência contrasta com a presença de deputados Gil Diniz (PL-SP) e Marco Feliciano (PL-SP), que estiveram em atos na Avenida Paulista.
Segundo Diniz ao Globo, “A pauta do impeachment de Moraes é o item número um para o eleitor bolsonarista na corrida ao Senado. Se hoje eles silenciam, por que vão falar no assunto caso sejam eleitos?”
Desafios no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) enfrenta desconfiança por não adotar postura agressiva contra o STF, sendo dependente da Corte em questões fiscais e judiciais, como o caso Ceperj, que o acusa de esquema eleitoreiro em 2022.
Castro recuou após sugerir nomear Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para cargo no governo estadual, estratégia que permitiria ao deputado permanecer nos Estados Unidos sem risco de cassação. Aliados do ex-presidente avaliam a manobra como “jogo de cena” para agradar a base bolsonarista sem confrontar o Judiciário.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), reforçou: “Com ele virando senador, a principal preocupação é que talvez haja limitação para abraçar a agenda. Queremos senadores sem comprometimento com ministros do STF.”
Movimentos em Mato Grosso e demais estados
O governador Mauro Mendes (União), pré-candidato ao Senado em Mato Grosso, criticou o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), por não pautar pedidos de impeachment contra Moraes, mantendo, porém, diálogo com a Corte.
Mendes já gerou polêmica ao permitir que “o Xandão cuidasse” de acampamentos golpistas em 2022 e tentou intermediar encontro entre Bolsonaro e Gilmar Mendes, frustrado pela tornozeleira eletrônica do ex-presidente.
Em outros estados, senadores ajustam discurso pró-impeachment para não perder espaço entre eleitores bolsonaristas:
- Paraíba: Efraim Filho (União) assinou pedido contra Moraes;
- Santa Catarina: Esperidião Amin (PP) defende “frear” o STF;
- Roraima: Mecias de Jesus (Republicanos) apoia impeachment ao lado de Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSD) rejeita impeachment, mas defende limites a decisões monocráticas do STF, mirando eleitores de centro e direita moderada.