O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu protagonismo no cenário internacional ao conversar por telefone nesta quarta-feira (20) com o presidente francês Emmanuel Macron.
A ligação, iniciada pelo brasileiro e com duração de quase uma hora, tratou de assuntos estratégicos para o Brasil e o comércio global.
Segundo o Palácio do Planalto, os dois líderes “reafirmaram seu apoio ao multilateralismo e ao livre comércio”, discutindo temas como o tarifaço dos Estados Unidos, o acordo Mercosul-União Europeia, a COP30 e o conflito entre Ucrânia e Rússia.
O governo informou que Lula “repudiou o uso político de tarifas comerciais contra o Brasil” e detalhou medidas adotadas para proteger trabalhadores e empresas. “Mesmo sem reconhecer a legitimidade de instrumentos unilaterais usados pelos EUA, como a Seção 301, o presidente comentou os esclarecimentos apresentados pelo governo”, acrescentou a nota oficial.
Sobre o acordo Mercosul-União Europeia, Lula e Macron se comprometeram a intensificar o diálogo visando a assinatura ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco. A França mantém reservas devido a temores de prejuízos para seus agricultores, mas o Brasil defende a ampliação das relações comerciais e planeja priorizar negociações com países asiáticos, como Japão e Indonésia.
Macron confirmou participação na COP30, conferência da ONU sobre clima em novembro, em Belém. Lula reforçou que a União Europeia precisa apresentar metas de redução de emissões “à altura do desafio que o planeta enfrenta”.
A guerra entre Ucrânia e Rússia também foi pauta do diálogo. “Os dois presidentes acordaram continuar o diálogo sobre o conflito”, disse o Planalto. Desde 2023, Lula busca se posicionar como mediador em negociações internacionais, acompanhando de perto encontros recentes entre líderes globais, incluindo Trump e Zelensky.
Nos últimos dias, o presidente intensificou conversas com Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi, e planeja diálogos com representantes da África do Sul, Alemanha e União Europeia.
Desde 6 de agosto, a sobretaxa de 50% aplicada pelos EUA aos produtos brasileiros está em vigor. O Brasil acionou a OMC e respondeu à investigação comercial americana, mas as negociações permanecem travadas. Auxiliares afirmam que qualquer recuo das tarifas depende do presidente Donald Trump, que condiciona mudanças ao encerramento de processos contra Jair Bolsonaro, cujo julgamento no STF está marcado para setembro.