A Polícia Federal indiciou o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e os influenciadores bolsonaristas Allan dos Santos, Oswaldo Eustáquio e Ednardo Raposo por ameaças e intimidações contra o delegado Fábio Shor, responsável por investigações que atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a PF, os ataques tiveram início após o indiciamento de Bolsonaro no caso das joias, em julho de 2024. Shor passou a ter dados pessoais expostos, assim como os de sua esposa e de seu filho, em postagens que incluíam falsas acusações de que o delegado teria apontado armas contra crianças. Em um dos episódios mais graves, uma pelúcia foi deixada no limpador traseiro de seu carro, em Brasília, como ato de intimidação.
Senador expôs operações policiais
O relatório da PF aponta que Marcos do Val coletava e publicava planilhas com informações de operações policiais. Em uma postagem, compartilhou o vídeo de uma criança de seis anos relatando medo em uma ação, incitando críticas a Shor. Por isso, foi indiciado por embaraço a investigação de organização criminosa e por corrupção de menor, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Articulação digital de ataques
O inquérito indica que os ataques eram articulados por Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos desde 2021. Ele responderá por embaraço e incitação ao crime. Já Eustáquio, que vive na Espanha desde 2023, foi indiciado por embaraço, divulgação de dados sigilosos e corrupção de menor. Raposo responderá por embaraço de investigação.
As ações incluíram a divulgação de informações privadas de policiais e o estímulo a ataques virtuais, com o objetivo de desestabilizar investigações sensíveis.
Repercussão e consequências
As ameaças contra Fábio Shor culminaram na suspensão da rede social X no Brasil em 30 de agosto de 2024, após descumprimento de decisões judiciais que determinavam a remoção de conteúdos ligados ao grupo, incluindo postagens do próprio Marcos do Val.
A antecessora de Shor, a delegada Denisse Ribeiro Dias, também foi alvo de tentativas de intimidação. Recebeu e-mails ameaçadores e chegou a ser abordada com ofertas de até US$ 5 milhões em troca de informações sobre operações que poderiam influenciar decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
As conclusões do inquérito reforçam a escalada de ataques bolsonaristas contra autoridades policiais e a estratégia de instrumentalizar redes sociais para obstruir investigações e intimidar agentes públicos.