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Julgamento de Bolsonaro: Os crimes e as defesas de cada réu

O julgamento no STF coloca em lados opostos a acusação robusta da PGR e as defesas dos réus, que negam qualquer envolvimento em um plano de golpe

Rio de Janeiro, 2 de setembro de 2025.

O julgamento do chamado núcleo crucial da trama golpista teve início nesta terça-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), expondo pela primeira vez na história uma tentativa de golpe de Estado orquestrada por um ex-presidente da República e sua cúpula. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Jair Bolsonaro (PL) e outros sete ex-integrantes de seu governo de integrarem uma organização criminosa armada, voltada a impedir a posse do presidente Lula (PT) e promover a ruptura democrática no Brasil. A PGR aponta a existência de documentos como a minuta do golpe e planos de estado de sítio, evidenciando as funções estratégicas de cada réu na conspiração que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023.


O Confronto de Narrativas no STF

O julgamento no STF coloca em lados opostos a acusação robusta da PGR e as defesas dos réus, que negam qualquer envolvimento em um plano de golpe. O deputado Alexandre Ramagem (PL), o general da reserva Augusto Heleno (Patriota), o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o general da reserva Walter Braga Netto (PL), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o tenente-coronel Mauro Cid, que firmou um acordo de delação premiada, são os alvos da ação judicial. Eles respondem por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, além de dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. O gabinete do ódio e a estratégia de desinformação, que marcaram a gestão de Bolsonaro, são o pano de fundo para a PGR, que evidencia como a estrutura do Estado foi instrumentalizada para subverter a ordem constitucional.

Acusação e Defesa: As Cartas na Mesa

O cerne da denúncia se baseia em uma complexa rede de articulações que envolveu reuniões, discursos e documentos.

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Mauro Cid, delator-chave, é acusado de ser o porta-voz de Bolsonaro e de transmitir ordens para a execução da trama golpista. Sua colaboração permitiu a descoberta da minuta do golpe. A defesa, contudo, o apresenta como um mero cumpridor de tarefas e busca a manutenção de seu acordo.

O deputado Alexandre Ramagem é denunciado por usar a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para favorecer a conspiração. Sua defesa nega qualquer perseguição a opositores e afirma que ele não integrava o governo à época dos fatos.

O ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, teria, segundo a PGR, colocado as tropas à disposição para o plano golpista. Sua defesa argumenta a ausência de um ato concreto e aponta contradições nos depoimentos de outros militares.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres é denunciado por sua participação nas discussões golpistas. A minuta do golpe apreendida em sua residência é a principal prova. Sua defesa, no entanto, alega que ele não redigiu o documento e que as acusações são infundadas.

O general Augusto Heleno é apontado como parte do núcleo estratégico da trama golpista. Uma agenda com anotações de teor golpista foi encontrada em sua casa. A defesa do militar nega a existência de um plano e afirma que as anotações eram pessoais.

O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, é acusado de buscar apoio das Forças Armadas à conspiração. A denúncia da PGR destaca a participação do general em uma reunião de julho de 2022, na qual ele instigou a ideia de intervenção militar.

Walter Braga Netto, ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro, é tido pela PGR como o principal articulador político e militar. Documentos como a “Operação 142” revelam o plano contra o STF. A defesa do general nega o envolvimento e alega que as acusações são falsas, baseadas unicamente na delação de Mauro Cid.


Ultraliberalismo, Conspiração e o Cenário Global

O julgamento da trama golpista no Brasil não é um evento isolado. A linha editorial do Diário Carioca já denunciou o avanço da ultradireita, do bolsonarismo e da ingerência externa, em um cenário geopolítico onde figuras como o presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o ultraliberal Javier Milei, na Argentina, se alinham em uma agenda comum de retrocessos democráticos. Enquanto o Brasil tenta sair das ruínas deixadas por uma política econômica e social desastrosa, a atuação de Eduardo Bolsonaro contra o STF no exterior e a tentativa de desmoralização das instituições nacionais reforçam a tese de uma conspiração internacional. A sociedade brasileira, que viu o país retornar ao Mapa da Fome da ONU durante a gestão Bolsonaro, exige agora respostas claras sobre o uso do poder para violar a soberania popular.

RéuAcusação da PGR
Jair BolsonaroLíder da organização criminosa
Mauro CidPorta-voz e articulador
Alexandre RamagemUso da Abin para fins golpistas
Almir GarnierApoio militar e uso de tropas
Anderson TorresParticipação em discussões e posse de minutas
Augusto HelenoArticulação do núcleo estratégico
Paulo Sérgio NogueiraBusca de apoio nas Forças Armadas
Walter Braga NettoArticulador político e militar

O Fim da Impunidade

O julgamento da trama golpista representa uma oportunidade histórica para o Brasil. A sociedade clama por uma resposta à altura do crime cometido contra a democracia. A impunidade dos que tentaram subverter a ordem constitucional deve ser confrontada, demonstrando que a lei se aplica a todos, independentemente de seus cargos. O veredicto final será um marco para a justiça brasileira e um recado para aqueles que pensam que a democracia pode ser destruída sem consequências. Apenas o rigor da lei pode garantir que a República não volte a ser sequestrada por projetos autoritários.

JR Vital
JR Vitalhttps://www.diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.
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