O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal contra o núcleo da trama golpista, pediu aparte durante o voto da ministra Cármen Lúcia nesta quinta-feira (11) para rebater pontos da manifestação anterior de Luiz Fux.
Sem citar diretamente o colega, Moraes criticou a interpretação de que os atos de 8 de janeiro de 2023 seriam resultado de “baderneiros descoordenados”.
“Não foi um domingo no parque, não foi um passeio na Disney. Foi uma tentativa de golpe de Estado. Não foi combustão espontânea. Foi uma organização criminosa”, afirmou.
Estrutura criminosa
Segundo o relator, os ataques tiveram planejamento coordenado, envolvendo integrantes das Forças Armadas, agentes de inteligência e o núcleo político de Jair Bolsonaro.
“Uma organização criminosa se estrutura para praticar uma série de delitos, de forma coordenada, direta ou indireta. No caso, buscava atingir e sequestrar a alma da República, impedindo a validade do processo eleitoral”, disse.
Cid e Braga Netto já têm maioria para condenação
Moraes destacou que já há maioria no STF para condenar Mauro Cid e o general Walter Braga Netto pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Ambos foram ligados a iniciativas como o plano “Punhal Verde e Amarelo” e a operação “Copa 2022”, que, segundo a acusação, faziam parte da articulação golpista.
Ameaça de violência extrema
O relator alertou que os conspiradores estavam dispostos a recorrer a qualquer meio para manter Bolsonaro no poder.
“Se, para isso, precisasse matar um ministro ou um presidente, seriam crimes indeterminados, mas todos voltados a perpetuar Jair Bolsonaro no poder”, afirmou.
Ataques às urnas
Moraes concluiu destacando que a desmoralização do sistema eleitoral era central para a trama.
“A urna é o momento em que o eleitor se encontra com ele mesmo. Desmoralizá-la não é fácil, porque é uma crença do povo. E foi isso que buscaram, enfraquecer a democracia pela raiz”, disse.