O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), criticou publicamente nesta quarta-feira (17) o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) durante sessão plenária, acusando-o de “instigar os Estados Unidos contra o Brasil” durante sua estadia prolongada no exterior. A declaração é uma rara e direta resposta às ações golpistas da família Bolsonaro no cenário internacional.
“Ver um deputado federal, do Brasil, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos, instigando um país contra o meu país”, afirmou Alcolumbre, com voz alterada. “Não dá, com todo respeito, pra eu aceitar todas essas agressões calado. Porque se isso for certo, amigo, eu não sei mais o que é certo”.
O contexto: Eduardo Bolsonaro, o embaixador do caos
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde fevereiro — inicialmente de licença do mandato, mas agora em atividade política não autorizada. Sua última presença registrada no plenário da Câmara foi em 13 de março. Durante este período, o deputado:
- Encontrou-se com congressistas republicanos extremistas;
- Discursou em eventos contra o governo brasileiro;
- Articulou a imposição de barreiras comerciais contra produtos brasileiros;
- Promoveu campanhas de desinformação sobre o Brasil.
Investigado pela Polícia Federal por coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Eduardo transformou-se em um agente de desestabilização internacional — tudo às custas do taxpayer brasileiro.
A gota d’água: a sessão tensa no Senado
O desabafo de Alcolumbre ocorreu durante uma sessão já marcada por tensões. Horas antes, o presidente do Senado havia declarado que a oposição tornara o trabalho legislativo “impossível” ao focar apenas em pautas como impeachment de ministros do STF e anistia a golpistas.
A crítica específica a Eduardo parece ter sido catalisada por novas articulações do deputado nos EUA — possivelmente relacionadas à pressão por sanções internacionais ou interferência em questões soberanas brasileiras.
O silêncio cúmplice da Câmara
Enquanto Alcolumbre assume publicamente o confronto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mantém silêncio sobre o caso. Motta — que hoje mesmo articula uma “anistia light” para golpistas — não se manifestou sobre o absenteísmo criminoso de Eduardo nem sobre suas atividades antidemocráticas no exterior.
A omissão é estratégica: a base bolsonarista precisa de Eduardo livre para continuar sua campanha internacional de deslegitimação das instituições brasileiras.
As consequências jurídicas e políticas
Além das investigações na PF, Eduardo Bolsonaro pode responder por:
- Quebra de decoro parlamentar por ausência prolongada;
- Atividades incompatíveis com o mandato;
- Traição (em interpretação extensiva do Código Penal).
Alcolumbre, ao romper o silêncio, envia um recado claro: o Congresso não fechará os olhos para ataques à soberania nacional — mesmo que venham de dentro de suas próprias fileiras.
Com informações do G1