Usando recursos de viagem custeados pelo Senado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) discursou neste domingo (21) em um ato esvaziado organizado pelo partido de extrema direita de Matteo Salvini, na Lombardia, norte da Itália.
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O evento reforçou a tentativa do bolsonarismo de internacionalizar a narrativa mentirosa de que o Brasil vive uma “ditadura”, após as condenações de Jair Bolsonaro e aliados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Dinheiro público para propaganda política
Flávio viajou para a Itália na última sexta-feira (19), acompanhado de Magno Malta (PL-ES), Damares Alves (Republicanos-DF) e Eduardo Girão (Novo-CE), em agenda apresentada como “missão humanitária” para visitar a deputada Carla Zambelli (PL-SP), presa em Roma. No entanto, o senador usou o financiamento público da viagem para fazer ataques ao Brasil em palanques da ultradireita europeia.
No sábado (20), ele já havia participado de um encontro intitulado “Brasil: democracia ou ditadura?”, no qual chamou a PEC da Blindagem — apelidada pelo povo de PEC da Bandidagem — de “PEC da Sobrevivência”, em mais uma tentativa de distorcer o debate político.
Discurso recheado de chavões e contradições
No ato deste domingo, Flávio misturou ataques a Lula, China e Venezuela com menções falsas ao irmão, deputado Eduardo Bolsonaro, investigado por conspiração contra o Brasil. O senador pediu que a Itália não extradite Zambelli, alegando que ela “poderá morrer injustamente na prisão”, e tentou criar um slogan em italiano: “L’Italia soprattutto, Dio soprattutto” (“Itália acima de tudo, Deus acima de todos”).
Além disso, atacou o ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de perseguir Bolsonaro e sua família, e repetiu chavões contra a “grande mídia”, culpando jornalistas por incitar violência política.
Contexto político e reações
O discurso, marcado por improviso e contradições, foi recebido com apatia até mesmo entre simpatizantes da ultradireita italiana. A tentativa de reproduzir o clima das manifestações bolsonaristas no Brasil expôs o isolamento internacional da família Bolsonaro e a dependência de narrativas conspiratórias para mobilizar apoiadores.
A participação de Flávio Bolsonaro no evento ocorre em meio ao avanço das investigações contra Jair Bolsonaro e parlamentares aliados, acusados de tentativa de golpe e ataques ao sistema democrático. Para analistas, a estratégia de internacionalizar a retórica de perseguição é uma tentativa de pressionar o Senado Federal e reforçar a aprovação da PEC da Blindagem, que limita a atuação da Justiça sobre parlamentares.