A pressão das ruas começa a surtir efeito no Senado. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da PEC da Blindagem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), confirmou nesta segunda-feira (22) que seu relatório será pela rejeição da proposta aprovada na Câmara. As informações são de Andrea Sadi.
Segundo Vieira, o texto é “inoportuno, equivocado e inconstitucional”, ao criar uma “casta privilegiada” de parlamentares acima da lei.
“É literalmente uma PEC que protege bandido e ela não vai ter abrigo aqui no Senado”, disse o relator em entrevista ao programa Estúdio i.
Senado promete enterrar PEC já na CCJ
O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), também reforçou que pretende pautar a votação já nesta quarta-feira (24), para “sepultar de vez” a manobra do Centrão.
Vieira afirmou que a tendência é a PEC não avançar nem mesmo ao plenário:
“Acredito que vamos ter uma maioria tranquila para rejeitar a proposta na CCJ e não haverá recurso para o plenário. Isso deve ser encerrado na própria comissão.”
Ruptura entre Câmara e Senado
O clima no Senado contrasta com a repercussão negativa enfrentada por deputados que votaram a favor da PEC, e agora tentam se justificar nas redes sociais. Parlamentares como Silvye Alves (União-GO), Merlong Solano (PT-PI) e Pedro Campos (PSB-PE) já alegaram arrependimento.
Vieira ironizou:
“As manifestações de rua esvaziaram desculpas. Aqui no Senado não vai ter esse tipo de saída, porque a sociedade já deixou claro o que pensa dessa PEC.”
Mobilização popular e recuo estratégico
No último fim de semana, milhares de pessoas ocuparam as ruas de várias capitais contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos envolvidos no golpe de 8 de janeiro. Os atos deixaram a Câmara dos Deputados ainda mais exposta, mostrando que a manobra do Centrão e do bolsonarismo virou um tiro no pé.
Segundo analistas, o desgaste inviabilizou qualquer chance de aprovação da PEC no Senado — ao menos neste momento.
O que está em jogo
- Centrão: busca blindar parlamentares investigados por corrupção e uso de emendas secretas;
- Bolsonaristas: pressionam pela anistia de Jair Bolsonaro e aliados condenados por tentativa de golpe;
- Sociedade civil: rejeita manobras que tentam desmoralizar o Judiciário e enfraquecer a democracia.