Roma (Itália) — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (13), em entrevista coletiva na capital italiana, que não sabia da prisão da deputada Carla Zambelli (PL-SP) na Itália e minimizou o impacto do caso nas relações diplomáticas entre os dois países.
“Eu nem lembrava desse nome. Se você não perguntasse, eu nem saberia se ela está aqui ou não. Para mim, é uma pessoa que não merece respeito de quem ama a democracia. Ela vai pagar pelo que fez, ou aqui ou no Brasil. Portanto, é uma questão da Justiça e não é uma questão minha”, declarou o presidente.
Lula evita politizar o caso e reforça respeito à Justiça
A resposta foi dada após uma jornalista questionar se o presidente havia conversado com autoridades italianas sobre a extradição de Carla Zambelli, presa desde 29 de julho, e se o caso poderia gerar “ruídos diplomáticos”. Lula descartou qualquer interferência política, afirmando que o governo brasileiro não se envolve em processos judiciais internacionais.
Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em dois processos que totalizam 15 anos de prisão. O Ministério da Justiça enviou o pedido formal de extradição, que está sendo avaliado por tribunais italianos. A decisão final caberá ao governo da Itália, após parecer jurídico da Corte de Apelação de Roma.
Nos bastidores do Itamaraty, diplomatas afirmam que o caso é tratado de forma “estritamente técnica” e não deve afetar a agenda bilateral, que inclui temas como cooperação ambiental, investimentos em energia limpa e combate à fome — áreas reforçadas durante a visita de Lula à FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) em Roma.
Zambelli e o desgaste do bolsonarismo no exterior
Carla Zambelli, uma das principais vozes do bolsonarismo radical, foi alvo de diversas ações judiciais após o ataque armado que protagonizou em 2022, às vésperas do segundo turno presidencial. O episódio, registrado em vídeo, foi considerado atentado à integridade eleitoral e porte ilegal de arma de fogo.
Sua prisão na Itália reacende o debate sobre o legado da extrema direita brasileira e o enfraquecimento político do grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta investigações por tentativa de golpe de Estado e abuso de poder político.
“Quem atenta contra a democracia precisa responder na forma da lei. O Brasil aprendeu a duras penas que não há liberdade sem responsabilidade”, disse um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvido pela reportagem.
Além de compromissos com a FAO e o Fórum Mundial da Alimentação, Lula manteve encontros bilaterais com representantes da União Europeia e da Igreja Católica, incluindo audiência com o papa Leão XIV no Vaticano.
