Nasce uma Amizade

Trump parabeniza Lula por seus 80 anos

por 27 de outubro de 2025
Donald Trump parabeniza Lula por 80 anos, elogia vigor e diz que quer acordo com o Brasil após reunião em Kuala Lumpur.
Foto: Ricardo Stuckert

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu a comunidade internacional nesta segunda-feira (27) ao parabenizar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por seu 80º aniversário e elogiar a vitalidade do mandatário brasileiro. A declaração ocorreu pouco antes de o republicano embarcar no Air Force One, em Kuala Lumpur, na Malásia, após uma reunião bilateral entre os dois líderes — encontro que, até poucos dias atrás, parecia impossível, dada a escalada de tensões diplomáticas entre Brasília e Washington.

“Tivemos uma ótima reunião. Quero desejar um feliz aniversário ao presidente Lula. Ele é um cara muito vigoroso, fiquei impressionado”, declarou Trump, sorridente, ao ser questionado por repórteres sobre o diálogo com o brasileiro.

O encontro ocorreu no domingo (26), à margem da Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), e durou cerca de 50 minutos. Segundo fontes diplomáticas, a conversa foi cordial e pragmática, com foco na redução de tarifas comerciais e na normalização das relações bilaterais, abaladas desde o início de 2025.


Um encontro que parecia impossível

O próprio Lula destacou o caráter simbólico do diálogo. “O presidente Trump teve que viajar 22 horas dos Estados Unidos para a Malásia, e eu, 22 horas do Brasil. Conseguimos fazer uma reunião que parecia impossível entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou o petista, durante um evento empresarial paralelo à cúpula.

O presidente acrescentou que o objetivo da conversa foi “retomar a civilidade diplomática” e “abrir caminho para uma nova fase de cooperação econômica”.

“Quando dois presidentes sentam para conversar, a tendência é chegar a um acordo. Estou otimista com uma relação mais civilizada entre Brasil e Estados Unidos”, disse Lula, em tom conciliador.

A reunião ocorre no momento em que ambos os países buscam conter danos econômicos provocados pela recente guerra tarifária.


Tensão e sanções antes da distensão

Desde o início de 2025, as relações entre Washington e Brasília vinham se deteriorando. O governo Trump aplicou tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras, após acusações de “violações à liberdade de expressão” e “prejuízos a empresas americanas”.

As medidas foram apoiadas por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que manteve contatos com membros do Congresso norte-americano e pressionou por sanções baseadas na Lei Magnitsky — instrumento jurídico usado pelos EUA para punir violações de direitos humanos e corrupção.

Como consequência, o visto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de outros sete magistrados foi revogado. A sanção se estendeu à esposa do ministro, Viviane Barci de Moraes, e ao Instituto Lex, ligado à família.

O Itamaraty reagiu com firmeza. O chanceler Mauro Vieira declarou que “a soberania brasileira não é moeda de troca diante de exigências inaceitáveis”, e o presidente Lula chegou a autorizar tarifas de reciprocidade contra os EUA — embora a medida não tenha sido implementada.


Trump muda o tom e elogia o Brasil

Durante a coletiva de imprensa em Kuala Lumpur, Trump sinalizou que deseja “abrir um novo capítulo” nas relações bilaterais. “Tenho muito respeito pelo presidente do Brasil. Acho que podemos fazer bons acordos para ambos os países”, disse.

O republicano também minimizou as divergências recentes e afirmou que está disposto a “revisar as tarifas impostas ao Brasil”. Segundo ele, “tudo é justo”, mas “há espaço para entendimento”.

A fala contrasta com o tom agressivo adotado no início do ano, quando Trump acusou o governo brasileiro de “travar a liberdade de expressão”. Agora, o discurso sugere uma tentativa de reconstruir pontes, em meio ao avanço de alianças comerciais asiáticas e ao reposicionamento geopolítico dos Estados Unidos.


Lula aposta no diálogo e no simbolismo

Lula, por sua vez, comemorou a abertura diplomática e reforçou o desejo de restabelecer a cooperação econômica e tecnológica entre os países. “Se depender de Trump e de mim, vai ter acordo. Estou convencido de que uma solução definitiva será alcançada em poucos dias”, afirmou o presidente brasileiro.

Para o governo do PT, a reaproximação com os EUA tem valor estratégico — tanto pela retomada do comércio exterior quanto pelo equilíbrio nas relações com China e União Europeia.

A avaliação no Palácio do Planalto é que o gesto de Trump indica reconhecimento da relevância global do Brasil e da liderança pessoal de Lula, cuja imagem segue forte no cenário internacional, inclusive entre adversários políticos.

Vanessa Neves

Vanessa Neves

Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.