Afronta

Cláudio Castro decide receber Alexandre de Moraes na Polícia Civil após chacina no Rio

Governador desafia STF e ministra visita a Alexandre de Moraes na sede da Polícia Civil, em tom de confronto institucional

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Cláudio Castro - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), adotou postura desafiadora ao decidir receber o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, na sede da Polícia Civil, em vez do tradicional Palácio Guanabara.

A atitude ocorre após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em mais de 120 mortes e gerou reação intensa da oposição e da sociedade civil. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou duramente Castro, chamando-o de “rei da cocada preta” e acusando-o de “necropolítica” ao tentar usar a tragédia como palanque eleitoral.

Confronto direto com o STF e desgaste político

A visita de Alexandre de Moraes ao Rio está marcada para o dia 3 de novembro e ele é o relator da ADPF das Favelas (ADPF 635), que impõe critérios para operações policiais em comunidades. Segundo a ação, as operações devem sempre ser acompanhadas de políticas sociais permanentes, como educação, saúde e segurança pública, além de investigação rigorosa contra líderes criminosos. O deputado Lindbergh salientou que o desrespeito de Castro à instituição máxima do Judiciário revela um claro confronto com o STF, que investiga abusos e excessos nas ações policiais.

Em reunião com deputados estaduais, incluindo aliados como Carlos Bolsonaro (PL-RJ), Castro reforçou seu posicionamento: “não receberei Moraes no Palácio Guanabara, mas na sede da Polícia Civil, a casa das polícias. Ou soma conosco, ou some”, disse, em tom provocativo e desafiador às autoridades federais.

Denúncias de necropolítica e manipulação eleitoral

Lindbergh Farias lamentou que o governador transforme uma tragédia humana em ferramenta eleitoral. “Ele faz da tragédia um palanque político”, afirmou. A megaoperação nos complexos da Penha e Alemão já é considerada a mais letal da história do estado, com 121 mortos, agravando tensões sobre o uso da força policial e direitos humanos.

O deputado anunciou ainda uma intensa ofensiva federal no Rio, incluindo uma grande operação conjunta da Polícia Federal e Receita Federal contra o crime organizado. Ele revelou que os chefes das milícias e do Comando Vermelho estariam longe das favelas, atuando em escritórios, prédios de luxo e empresas envolvidas em esquemas financeiros ilícitos.

Perspectivas e implicações para o Rio

A crise entre o governo estadual e o STF eleva a instabilidade política no estado em momento delicado para a segurança pública. O tom agressivo de Castro contra o Judiciário soma-se às críticas de falta de políticas sociais estruturadas e aumento da violência.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.