O conselheiro de Donald Trump, Jason Miller, voltou a intervir no cenário político brasileiro com ataques duros e uma ameaça velada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em sua conta no X, Miller publicou a imagem de Voldemort — figura usada por extremistas para tentar ridicularizar o magistrado — acompanhada da frase em português: “o inverno está chegando”, numa clara tentativa de pressão e intimidação.
A postagem surge após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, detido no sábado (22) por planejar fuga e tentar violar a tornozeleira eletrônica. Desde então, Miller vem disparando comentários agressivos, numa postura que evidencia desconhecimento sobre o processo judicial brasileiro e um esforço deliberado para inflamar tensões políticas no país.
Ataques repetidos e narrativa importada
Não é a primeira vez que Miller atua como porta-voz informal das linhas mais radicais do trumpismo em relação ao Brasil. No mesmo dia da prisão, ele afirmou que Bolsonaro era vítima de uma “caça às bruxas”, ecoando a retórica conspiratória adotada pela extrema direita norte-americana.
O conselheiro, que tenta se colocar como figura de influência internacional, ainda ironizou quem acreditava que Bolsonaro não seria preso:
“Espero que vocês estejam aproveitando seu café da manhã.”
O comentário expõe mais uma tentativa de criar ruído político e alimentar teorias de perseguição, sem qualquer base jurídica concreta.
Histórico de ataques a Moraes
A hostilidade de Miller contra Alexandre de Moraes não é recente. Durante o julgamento que condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão, em setembro, ele chegou a elogiar o voto isolado de Luiz Fux — o único divergente — e intensificou suas ofensas ao ministro.
À época, chamou Moraes de “gangster de terceira categoria”, “ditador”, “terrorista” e “ameaça à democracia no Hemisfério Ocidental”, numa escalada verbal alinhada ao padrão trumpista de atacar instituições quando decisões judiciais contrariam seus interesses.
Reações externas e interferência indevida
O novo ataque de Miller ocorre no mesmo contexto em que a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou nota criticando a decisão de Moraes e insinuando “politização do processo judicial”. A interferência, vista como inadequada por diplomatas brasileiros, reforça o movimento de pressão internacional articulada por setores alinhados ao ex-presidente americano.
Enquanto isso, Bolsonaro permanece detido na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, após o STF confirmar a prisão preventiva. A investigação aponta tentativa de fuga e violação da tornozeleira eletrônica, elementos considerados graves para justificar a medida.
A escalada de declarações de Miller evidencia uma tentativa de usar o caso brasileiro como palco para ampliar conflitos ideológicos importados dos EUA — ainda que à custa da soberania e da estabilidade institucional brasileira.
