O deputado Junio Amaral (PL-MG) celebrou, nesta terça-feira (16/12/2025), a mordaça imposta pela Arquidiocese de São Paulo ao padre Júlio Lancellotti. A decisão do cardeal dom Odilo Scherer suspende as transmissões das missas e as atividades do sacerdote nas redes sociais, em um movimento que evoca os métodos da inquisição para silenciar vozes dissonantes.
Arquidiocese cede à pressão parlamentar
A medida ocorre após denúncia protocolada por Junio Amaral e sua esposa, Marília Amaral, em novembro. O documento, recheado de acusações que variam de supostos erros doutrinários a condutas disciplinares, foi o combustível para que a cúpula da Igreja Católica agisse contra o pároco da Mooca.
Lancellotti, conhecido pelo acolhimento a vulneráveis, confirmou que a orientação partiu diretamente de dom Odilo. Embora a Igreja tente vender a suspensão como “forma de proteção”, o ato é lido como uma capitulação da hierarquia eclesiástica diante da ofensiva da direita política, mantendo vivas as chamas do controle ideológico sobre o púlpito.
A utilidade seletiva de Junio Amaral
Enquanto se ocupa em fiscalizar a liturgia alheia, o deputado Junio Amaral coleciona controvérsias sobre sua própria conduta. O parlamentar é alvo de pedidos de investigação por “violação da liberdade de cátedra” após expor uma professora de Montes Claros e incitar alunos a gravarem aulas sem autorização.
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Para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a ação do deputado pode configurar assédio e perseguição, forçando o afastamento da docente de suas funções. A dualidade é latente: o parlamentar que exige “pureza” na Igreja é o mesmo que fomenta a intolerância e o proselitismo político dentro das instituições de ensino.
O silêncio das redes e a resistência presencial
As missas de Júlio Lancellotti, antes exibidas pela Rede TVT e portal ICL, agora estão restritas ao ambiente presencial na Paróquia São Miguel Arcanjo. O padre negou que será transferido, reafirmando sua “obediência” à Arquidiocese, enquanto fiéis questionam a ausência de provas concretas nas denúncias que motivaram o cerceamento digital.
A ofensiva contra o religioso não é nova. Em 2024, tentativas de CPI e ataques coordenados já buscavam criminalizar o trabalho social junto à população de rua. Agora, com o respaldo da própria estrutura eclesiástica, os detratores conseguem o que a política não havia alcançado: o apagão digital de uma das vozes mais críticas ao poder estabelecido.



