Jaques Wagner deve deixar liderança do governo após atuação no PL da Dosimetria

O capital político de Jaques Wagner (PT-BA) no Palácio do Planalto sofreu um abalo que pode ser definitivo. Após a aprovação do PL da Dosimetria nesta quarta-feira (17/12/2025), a permanência do senador na liderança do governo em 2026 é considerada insustentável por ministros e aliados próximos ao presidente Lula. O “acordo procedimental” que permitiu o avanço da proposta que beneficia golpistas foi lido como uma falha gravíssima de articulação e lealdade.

O “Peru de Natal” que custou o cargo

O estopim para a queda iminente foi a surpresa — e a subsequente fúria — do núcleo duro do governo com a velocidade da votação. Enquanto Lula se posicionava publicamente contra o projeto, Wagner viabilizava o rito acelerado no Senado para desobstruir pautas econômicas. A manobra rendeu a frase mais ácida do dia, dita por Renan Calheiros (MDB-AL): “Eu nunca vi alguém, em nome do governo, fazer um acordo e dar peru de Natal aos golpistas”.

A crítica de Renan não foi isolada. No Planalto, a leitura é de que Wagner entregou uma vitória simbólica e jurídica imensurável à oposição em troca de conveniências regimentais, manchando a narrativa de “defesa intransigente da democracia” que o governo tenta sustentar.

Fogo amigo e isolamento

A situação de Wagner complicou-se ainda mais com o desmentido público vindo de dentro do PT. A ministra e deputada Gleisi Hoffmann afirmou categoricamente que o governo não autorizou facilitação alguma para o projeto. O isolamento do líder ficou evidente quando ele precisou gravar um vídeo para redes sociais negando o acordo de mérito, tentando separar a “forma” do “conteúdo” — uma distinção que não colou no gabinete presidencial.

Para auxiliares de Lula, a confiança foi quebrada. O fato de o senador não ter consultado a articulação política do Planalto antes de ceder o cronograma à oposição foi visto como uma “carreira solo” desastrosa. Com a confirmação de que Lula irá vetar o projeto, a figura de Wagner como ponte entre o Executivo e o Senado sai esvaziada para o próximo ano legislativo.

Termômetro da Crise: Jaques Wagner no Governo