Pela Transparência

Parlamentares recorrem ao STF para impedir reativação de emendas do orçamento secreto

No tabuleiro orçamentário, a história parece se repetir: bilhões voltam à mesa enquanto a transparência fica de fora.
por 21 de dezembro de 2025
Deputados e a Rede Sustentabilidade acionam STF contra PLC 128/2025, que revalida R$ 2,97 bilhões em emendas canceladas e ameaça retomar o orçamento secreto.
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Atualizado em 22/12/2025 00:35

Deputados federais e a Rede Sustentabilidade acionaram o Supremo Tribunal Federal para tentar barrar a sanção do Projeto de Lei Complementar 128 de 2025, que prevê a revalidação de R$ 2,97 bilhões em emendas canceladas pelo governo e reabre o debate sobre o retorno do chamado orçamento secreto.

Ação preventiva no STF

O mandado de segurança preventivo, com pedido de liminar, foi impetrado pelas deputadas Heloísa Helena e Fernanda Melchionna, pelo deputado Túlio Gadelha e pelo partido Rede Sustentabilidade. Eles solicitam a suspensão da tramitação do projeto até o julgamento final.

Projeto aprovado e enviado à sanção

O PLC 128/2025 foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal em 17 de dezembro e enviado à sanção presidencial dois dias depois. O texto prevê a revalidação de restos a pagar não processados, incluindo aqueles já cancelados, permitindo a liquidação das despesas até o final de 2026.

Risco de retorno do orçamento secreto

Para os parlamentares, a medida abre espaço para retomar as chamadas emendas de relator, mecanismo conhecido como orçamento secreto, cuja execução anterior foi considerada inconstitucional pelo STF. A ação afirma que a proposta recria práticas marcadas pela falta de critérios objetivos, transparência e controle democrático.

Críticas ao mecanismo

Os autores argumentam que o problema não se restringe à identificação nominal dos parlamentares, mas à ausência de proporcionalidade, impessoalidade e justiça distributiva na alocação de recursos públicos. A simples indicação do responsável não transforma gastos arbitrários em política pública legítima.

Segurança jurídica e precedentes

Advogados destacam que o ministro Flávio Dino já atuou em casos relacionados ao orçamento secreto, reforçando a necessidade de preservar a coerência das decisões do Supremo e a economia processual. A concessão de medida cautelar é considerada essencial para evitar que a lei produza efeitos contrários a decisões anteriores da Corte.

Impactos fiscais e políticos

Segundo os autores, a revalidação de restos a pagar obriga o Executivo a assumir compromissos orçamentários ressuscitados artificialmente, comprometendo o planejamento do governo, a continuidade de políticas públicas essenciais e favorecendo despesas desvinculadas do debate democrático. A ação alerta que o mecanismo transforma o orçamento em instrumento de barganha política, com alto custo institucional e social.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.