Brasília, 7 de agosto de 2025 — Após a desocupação do plenário do Senado Federal por parlamentares bolsonaristas, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), conduziu nesta quarta-feira uma sessão simbólica e aprovou o projeto de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até dois salários mínimos. A proposta segue agora para sanção presidencial.
Votação formaliza isenção que já estava em vigor
Davi Alcolumbre chegou ao Congresso Nacional, em Brasília, por volta das 11h, declarando que “iria trabalhar”, sem se referir diretamente ao protesto da oposição. A sessão foi aberta de forma objetiva, e o texto da isenção foi aprovado com rapidez.
A medida substitui uma medida provisória que perderia validade na próxima segunda-feira. Com o novo salário mínimo nacional fixado em R$ 1.520, ficam isentos de IR os contribuintes que recebem até R$ 3.040, o equivalente a dois salários.
Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, cerca de 15 milhões de brasileiros deixarão de pagar o tributo com a formalização da regra.
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Alcolumbre critica ocupação e promete reação institucional
Durante a sessão, Davi Alcolumbre condenou a ocupação do plenário ocorrida no início da semana. O presidente do Senado classificou a ação como tentativa de intimidação e afirmou que não tolerará manobras que impeçam o funcionamento do Legislativo.
— Serei duro contra qualquer tentativa de paralisar o Senado. O Parlamento não será refém de tumultos — declarou o senador, durante pronunciamento oficial na tribuna.
O gesto foi interpretado como um contraponto à conduta do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que enfrentou dificuldades para retomar os trabalhos na outra Casa legislativa.
Reações políticas: contraste entre Câmara e Senado
Segundo o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, a atuação de Alcolumbre fortaleceu o papel da presidência da Casa Alta no momento de crise. Em entrevista, Wagner afirmou que “o Senado deu o exemplo de estabilidade”.
Nos bastidores, aliados do Palácio do Planalto elogiaram a resposta firme de Alcolumbre. Já o presidente da Câmara foi criticado por não conter o motim articulado por deputados do PL, com apoio de membros do PP e do União Brasil.
A ocupação na Câmara exigia a votação do projeto de anistia a investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, tema que ainda divide o Congresso e gerou forte resistência do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entenda o caso
O que motivou o motim bolsonarista?
Parlamentares da oposição, principalmente do PL, ocuparam o plenário exigindo a votação da anistia a golpistas de 8 de janeiro.
Qual foi a resposta do Senado?
O Senado retomou os trabalhos sem ceder à pressão, aprovando a principal pauta do dia: a isenção do Imposto de Renda.
O que muda com a nova regra do IR?
Quem recebe até dois salários mínimos (R$ 3.040) estará isento do pagamento do imposto.
Como o governo reagiu à atuação de Alcolumbre?
Aliados do Planalto elogiaram a postura institucional do presidente do Senado, vista como firme diante do impasse.
Houve prejuízo ao andamento de outras pautas?
Sim. O líder do governo afirmou que há 17 indicações paradas para agências reguladoras, com expectativa de retomada ainda nesta semana.
Risco de repetição e impacto para o governo
A resposta do Senado indica que há espaço para reagir institucionalmente às pressões da extrema direita, mas também revela uma fragilidade política na articulação entre as duas Casas. Enquanto Alcolumbre busca avançar em temas de interesse público, como a isenção do IR, a Câmara dos Deputados se vê paralisada por agendas bolsonaristas.
O governo tenta agora destravar indicações pendentes em agências reguladoras, cuja tramitação ficou suspensa durante o motim. Segundo Jaques Wagner, o Executivo espera avançar nas nomeações nos próximos dias, a começar pela Comissão de Infraestrutura.
O episódio pode servir como divisor de águas para testar a coesão da base aliada e a força do Legislativo diante de tentativas de desestabilização democrática.

