Só Vergonha

Bolsonaro convida Moraes para vice e leva corte seco

10 de junho de 2025
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Alexandre de Moraes durante depoimento de Bolsonaro no STF. Foto: reprodução
Alexandre de Moraes durante depoimento de Bolsonaro no STF. Foto: reprodução

10 de junho de 2025, Brasília – Em mais um episódio de improviso constrangedor, Jair Bolsonaro tentou, sem sucesso, transformar seu depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) em palco para bravatas e provocações. Durante a audiência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente convidou o magistrado para ser seu vice na eleição de 2026, apesar de estar inelegível por decisão judicial. A resposta foi curta e certeira: “Eu declino novamente”.

A cena, que arrancou risos até de integrantes da Corte, expôs o esvaziamento político e simbólico do líder da extrema-direita. Sem mandato, sem partido estruturado e cada vez mais isolado, Bolsonaro apelou para o humor de mau gosto como tentativa de autopromoção e confronto simbólico.

Moraes responde com firmeza e ironia

O episódio ocorreu durante o depoimento no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro, tentando demonstrar apoio popular, ofereceu a Moraes “vídeos de suas idas ao Nordeste” como suposta evidência de seu prestígio nas ruas. Moraes foi direto: “Eu declino”.

Diante da negativa, Bolsonaro insistiu em fazer “uma brincadeira”, mas novamente foi cortado pelo ministro: “Eu perguntaria aos seus advogados”. A tentativa de piada terminou com o convite para compor uma chapa presidencial em 2026 – proposição tecnicamente impossível, já que o ex-presidente foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030 por abuso de poder político.

A retórica do desespero

O gesto, para além da anedota, revela a tentativa desesperada de Bolsonaro em se manter como ator político relevante. Imerso em denúncias e investigado por arquitetar um golpe, o ex-presidente agora recorre ao escárnio e ao deboche em vez de oferecer explicações factuais ou coerentes.

A tática de confronto performático, usada com êxito durante seu mandato, perde força diante da seriedade dos crimes investigados. Moraes, que preside o inquérito das milícias digitais e os processos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, demonstrou que não há espaço para palhaçadas em uma audiência judicial.

Inelegibilidade não impede marketing farsesco

Bolsonaro já foi condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em 2022. Mesmo inelegível, segue simulando pré-campanhas, distribuindo promessas e tentando costurar alianças com o que resta da direita institucional. A provocação a Moraes segue esse roteiro: espetáculo midiático sem viabilidade jurídica.

Analistas veem no comportamento uma estratégia para galvanizar a base mais radicalizada, alimentar o vitimismo e manter viva a narrativa de perseguição. Mas os efeitos práticos disso são limitados. A maioria dos aliados com mandato já busca outros caminhos.

O Carioca Esclarece

Bolsonaro pode disputar as eleições de 2026?
Não. Jair Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do TSE, após condenação por abuso de poder político. Portanto, qualquer menção à sua candidatura é apenas simbólica ou provocativa.

O que motivou a resposta de Moraes no STF?
Durante depoimento, Bolsonaro fez provocações e tentou “brincar” com o ministro Moraes, incluindo um convite para ser seu vice. Moraes respondeu com firmeza e ironia, negando qualquer envolvimento.

O convite de Bolsonaro teve algum impacto jurídico?
Não. Foi um gesto meramente performático, sem qualquer consequência legal. A audiência era parte de um processo sério sobre tentativa de golpe de Estado, e o convite foi tratado como provocação sem relevância processual.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.