Dom Angélico morre aos 92 anos em São Paulo

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Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau. Foto: Divulgação

Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau, morreu nesta terça-feira (15), aos 92 anos, após meses de internação e cuidados paliativos. A Diocese de Blumenau confirmou a morte. O religioso estava em São Paulo e se recuperava de complicações após cirurgias realizadas em novembro de 2024.

Conhecido por sua atuação social e dedicação aos mais pobres, Dom Angélico passou seus últimos dias na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt, zona noroeste da capital paulista. Seu legado inclui décadas de serviço à Igreja e à luta por justiça social.

Trajetória dedicada aos mais pobres

Dom Angélico nasceu em Saltinho (SP) e foi ordenado sacerdote em 1959. Em 1974, o Papa Paulo VI o nomeou bispo auxiliar de São Paulo. Seu lema episcopal era “Deus é amor”.

Durante sua atuação na Arquidiocese de São Paulo, liderou as regiões Leste 1, Leste 2 e Brasilândia. Ficou conhecido como “o Dom dos pobres” por sua firme atuação ao lado das comunidades mais vulneráveis.

Defesa dos direitos humanos

Nos anos de atuação, Dom Angélico defendeu a Doutrina Social da Igreja e lutou contra a desigualdade. Em sua posse como primeiro bispo da Diocese de Blumenau, em 2000, destacou:

“A desigualdade social é escandalosa. Perversa é a concentração de renda nas mãos de poucos.”

Também participou de ações emblemáticas, como o sepultamento do operário Santo Dias da Silva, morto pela repressão policial em 1979.

Papel na imprensa e na redemocratização

Entre 1977 e 2000, dirigiu o jornal O SÃO PAULO. Durante esse período, o veículo deu espaço a denúncias contra o regime militar, apoiou a redemocratização e promoveu pautas sociais.

Além disso, recebeu títulos de cidadão honorário em diversas cidades. Em 2000, foi homenageado pela Assembleia Legislativa de São Paulo por seu trabalho em defesa dos direitos humanos.

Vida pastoral até o fim

Mesmo após se aposentar da Diocese de Blumenau, em 2009, Dom Angélico manteve sua atividade pastoral em São Paulo. Celebrava missas, orientava retiros e acompanhava comunidades.

Em 2022, celebrou o casamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a primeira-dama Janja. No último dia 5 de abril, Lula visitou o bispo, demonstrando apreço e reconhecimento por sua trajetória.

Últimas homenagens

Em 2023, celebrou 90 anos com uma missa na Paróquia São Judas Tadeu, em São Paulo. Na ocasião, afirmou:

“Com 90 anos, eu me considero um garotinho nos braços de Nossa Senhora. Minha grande honra é ser discípulo missionário de Jesus.”

A Diocese de Blumenau comunicou que divulgará em breve os detalhes sobre o velório e o sepultamento.

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Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca