Técnicos “a serviço da Enel” foram flagrados gravando uma dancinha coreografada na Avenida Paulista enquanto a capital São Paulo enfrentava um dos apagões mais severos de sua história recente.
O vídeo foi registrado na manhã de sexta-feira (12), no momento em que mais de 500 mil residências na capital ainda estavam sem energia elétrica, quatro dias após a passagem de um ciclone extratropical.
A cena, que gerou forte indignação, ocorreu pouco antes das 10h, na calçada em frente ao Parque Trianon.
Quatro homens uniformizados, ligados à empresa terceirizada STN — fornecedora de mão de obra para a Enel — participaram da gravação, que era orientada por profissionais de marketing.
A Dança da “Segurança” em Meio à Crise
Enquanto executavam a coreografia, uma caixa de som tocava alto uma música com um trecho ironicamente descontextualizado: “Segurança é nossa missão, dedicação sem fim, sem razão. Trazendo aos clientes um presente para as famílias, vida decente”.
Procurada para esclarecimentos, a Enel tentou se isentar, afirmando que a gravação não foi feita pela companhia. Por sua vez, a STN declarou que os homens vestidos como técnicos “não eram técnicos a serviço da Enel” e disse que “não teve a intenção de causar desconforto ou qualquer prejuízo à imagem da Enel”, sem apresentar detalhes sobre a natureza do episódio.
Apagão Persiste Quatro Dias Após o Vendaval
O episódio da dancinha ocorreu em meio a duras críticas à concessionária pela demora inaceitável na normalização do serviço. O cenário de calamidade não foi revertido: quatro dias após o vendaval, a região de São Paulo ainda contabiliza 519 mil imóveis sem luz na manhã deste sábado (13), segundo os próprios dados da Enel, deixando centenas de milhares de moradores no escuro.
Na capital paulista, 387 mil imóveis seguem sem fornecimento de energia, o que equivale a 6,68% do total de 5,8 milhões de unidades atendidas. Em cidades do entorno, a situação é proporcionalmente ainda mais grave. Cotia (10%), Itapecerica da Serra (19,90%), Embu-Guaçu (22,43%) e Juquitiba (31,50%) lideram o ranking de clientes sem luz. Outras cidades como Santo André (13.537 clientes sem luz) e São Bernardo do Campo (14.647) também foram duramente afetadas.

