Luto

Morre Mino Carta, fundador da CartaCapital e ícone do jornalismo

2 de setembro de 2025
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Mino Carta (Foto: Reprodução/YouTube/CartaCapital)
Mino Carta (Foto: Reprodução/YouTube/CartaCapital)

Atualizado: 05/09/2025 às 01:19

Morreu nesta terça-feira (2), aos 91 anos, o jornalista ítalo-brasileiro Mino Carta, fundador e diretor de redação da CartaCapital. Internado há duas semanas na UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, ele enfrentava problemas de saúde. A causa da morte não foi informada pela família.

Nascido em Gênova, em 1933, Mino Carta mudou-se para o Brasil na década de 1940. Ao longo de mais de seis décadas de carreira, tornou-se uma das figuras centrais da imprensa nacional. Participou da criação do Jornal da Tarde, foi cofundador da revista Veja, lançou a IstoÉ e, em 1994, fundou a CartaCapital, que dirigiu até os últimos anos de vida.

Um editor contra a imprensa hegemônica

Com estilo inconfundível, marcado pelo rigor crítico e pela independência, Mino Carta tornou-se referência por desafiar a mídia tradicional e suas alianças políticas. À frente da CartaCapital, denunciou retrocessos democráticos, confrontou o avanço do bolsonarismo e se consolidou como uma voz progressista no jornalismo brasileiro.

Em entrevistas e editoriais, defendia que a imprensa não poderia ser neutra diante da desigualdade social e das ameaças autoritárias. Sob sua liderança, a CartaCapital assumiu posição clara em defesa da democracia, da soberania nacional e dos direitos sociais.

O legado de Mino Carta

O impacto de Mino Carta não se restringe às redações que comandou. Ele moldou o jornalismo político brasileiro ao incentivar reportagens investigativas, análises profundas e uma visão crítica sobre os rumos do país. Seu trabalho inspirou gerações de jornalistas e intelectuais comprometidos com um jornalismo que vai além da superfície dos fatos.

Figura respeitada e, ao mesmo tempo, alvo de polêmicas, Mino dizia que não temia o confronto de ideias. Ao contrário, via na discordância o combustível para o debate público. Essa postura, somada à sua criatividade editorial, fez dele um dos raros jornalistas a fundar e consolidar três grandes veículos de comunicação no Brasil.

Referência eterna

Com sua morte, o jornalismo brasileiro perde não apenas um editor, mas uma das consciências críticas mais afiadas da vida pública nacional. Seu nome permanece ligado à construção de uma imprensa menos submissa ao poder econômico e político, uma imprensa que ousou dizer não.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.