O Primeiro Comando da Capital (PCC) expandiu sua influência para a cadeia produtiva da cana-de-açúcar no interior paulista, segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP). A facção criminosa usava ameaças e intimidações para obrigar empresários a vender propriedades e usinas por valores muito abaixo do mercado. A denúncia desencadeou nesta quinta-feira uma megaoperação com 1.400 agentes, que cumpriram 350 mandados de busca, apreensão e prisão contra um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro.
Ameaças, incêndios e negócios em dinheiro vivo
As investigações revelaram que fazendeiros, donos de usinas, transportadoras e postos de combustíveis foram coagidos pelo PCC. Quem resistia era ameaçado de morte. Há indícios de que incêndios criminosos em canaviais e empresas tenham sido usados como método de pressão. Os negócios eram concluídos em dinheiro vivo, pagos à vista e sempre com valores muito abaixo da cotação real. Segundo o MP-SP, empresários relataram situações “gravíssimas” diante da expansão do crime organizado sobre o setor sucroalcooleiro.
Estrutura do esquema e avanço sobre o interior paulista
As apurações começaram a partir de denúncias recebidas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) em diferentes regiões do estado. O levantamento mostrou que a facção estruturou um sistema de aquisição de fazendas, usinas e postos, consolidando controle sobre parte relevante da produção de álcool e derivados.
Fraudes bilionárias e rede financeira paralela
O MP-SP, diante da dimensão dos crimes, acionou o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Receita Federal. As investigações apontaram para sonegação de centenas de milhões de reais em tributos, lavagem de dinheiro no sistema bancário nacional e importações fraudulentas de metanol, utilizado na adulteração de combustíveis. Essa rede financeira paralela garantiu ao PCC recursos para ampliar sua influência e consolidar domínio econômico no setor.
Justiça autoriza prisões e buscas em massa
Com base nas provas apresentadas, a Justiça Federal autorizou prisões contra integrantes da facção ligados ao esquema. Paralelamente, a Justiça estadual expediu dezenas de mandados de busca e apreensão. A ação coordenada entre órgãos federais e estaduais foi estruturada como uma força-tarefa para desarticular a cadeia criminosa que conectava o cultivo da cana até a venda de combustíveis adulterados ao consumidor final.