Atualizado: 10/10/2025 às 11:03
Polícia descobre galpão em SP com bebidas adulteradas

Operação da Polícia Civil em São Paulo prendeu falsificador de bebidas e apreendeu milhares de garrafas adulteradas com risco de intoxicação por metanol.
A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta sexta-feira (3) um dos maiores falsificadores de bebidas em atividade no estado. A prisão ocorreu em um galpão na Zona Norte da capital, onde agentes encontraram milhares de garrafas de uísque, vodca e gim adulterados, já embalados e prontos para distribuição. O esquema abastecia bares, restaurantes e adegas, ampliando o risco de intoxicações graves em todo o estado.
A investigação conduzida pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) revelou que o grupo operava em larga escala. Além das bebidas adulteradas, os policiais apreenderam rótulos, tampas, embalagens e selos falsos do IPI, todos usados para dar aparência de autenticidade aos produtos. O material encontrado confirma a sofisticação do esquema e a penetração do crime organizado na economia clandestina de bebidas.
Falsificador armazenava "montanhas" de garrafas com bebida adulterada por metanol em galpão pic.twitter.com/rveYEQ2fCv
— 0123 (@GuilhermeA52629) October 4, 2025
Rede criminosa e risco à saúde pública
O Deic identificou que a estrutura criminosa funcionava em duas frentes: a primeira dedicada à falsificação das bebidas, e a segunda voltada à revenda ilegal em diferentes pontos do estado, especialmente no interior. O consumidor final era, muitas vezes, enganado por estabelecimentos que misturavam bebidas originais com adulteradas para ampliar lucros.
O caso ganha gravidade diante do aumento de intoxicações por metanol em São Paulo. Até agora, foram contabilizados 101 casos suspeitos, 11 deles confirmados. O metanol, usado de forma criminosa em bebidas clandestinas, pode causar cegueira, falência de órgãos e morte.
Governo e órgãos de fiscalização reagem
Diante da descoberta, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu recomendação urgente a bares, restaurantes, hotéis, casas noturnas, distribuidoras e aplicativos de entrega. O alerta reforça cuidados básicos para identificar adulterações:
- Lacres tortos ou mal encaixados;
- Erros ortográficos ou de impressão nos rótulos;
- Preços muito abaixo da média de mercado.
Além disso, sintomas como visão turva, náuseas, dores de cabeça e mal-estar devem ser tratados imediatamente como emergência médica.
O Procon-SP também lançou um canal direto de denúncias em seu site, permitindo que consumidores registrem suspeitas de forma anônima. A medida faz parte de uma força-tarefa estadual para retirar rapidamente lotes contaminados do mercado.
Ações do governo paulista
O governador Tarcísio de Freitas determinou que a Secretaria da Fazenda investigue e feche estabelecimentos flagrados comercializando bebidas adulteradas. Parte dessas empresas já teve a Inscrição Estadual suspensa, impedindo a emissão de notas fiscais e, na prática, inviabilizando suas atividades.
“É uma medida pedagógica para desestimular comerciantes que lucram às custas da saúde da população”, informou a Secretaria.
As autoridades reforçam que qualquer estabelecimento que identifique produtos suspeitos deve interromper imediatamente a venda, isolar o lote e comunicar à Vigilância Sanitária, Polícia Civil e Ministério da Agricultura.
Impactos sociais e contradições
O caso expõe uma contradição gritante: enquanto o governo paulista flexibiliza a fiscalização em setores estratégicos da economia, o crime organizado ocupa espaço e coloca vidas em risco. A repressão a falsificadores é fundamental, mas sem política pública consistente de controle e educação sanitária, a população seguirá vulnerável a esquemas que prosperam pela impunidade.

