São Paulo – O estado de São Paulo registrou, em 2024, o maior número de feminicídios e estupros desde o início da série histórica, em 2001. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) apontam 14.579 casos de estupro, superando o recorde anterior de 2023. Já os feminicídios cresceram 14%, com 253 vítimas.
Do total de estupros, 13.808 vítimas eram mulheres. Entre esses casos, 3.305 foram estupros comuns e 10.503 estupros de vulnerável, que envolvem menores de 14 anos ou pessoas sem capacidade de consentimento. O crescimento dos números foi mais acelerado no segundo semestre do ano passado.
Crimes sexuais e feminicídios batem recorde
A SSP, liderada pelo ex-policial militar Guilherme Derrite, apontou que, desde 2018, o crime de estupro passou a ser investigado independentemente da vontade da vítima. Contudo, especialistas indicam que a subnotificação continua alta, sugerindo um número real ainda maior.
Os feminicídios também cresceram significativamente, alcançando o maior patamar desde 2018. Segundo Adriana Liporoni, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher, 50% dos autores foram presos em flagrante e 98% dos casos esclarecidos.
Governo amplia medidas de segurança para mulheres
A gestão do governador Tarcísio de Freitas afirma estar implementando iniciativas para conter a violência contra mulheres. O programa “São Paulo por Todas” oferece acolhimento e suporte financeiro para vítimas.
Outras medidas incluem:
- Expansão de 87% no atendimento de plantão para mulheres, com 69 novas salas 24 horas;
- 141 Delegacias de Defesa da Mulher funcionando no estado;
- Aplicativo “SP Mulher Segura”, que inclui botão de pânico e registro de ocorrências;
- Aumento de 50% no monitoramento de agressores com tornozeleiras eletrônicas.
Apesar dessas ações, especialistas criticam a efetividade, pois muitas dessas soluções atendem apenas uma minoria das vítimas.
Especialistas criticam políticas de combate à violência
Para Isabella Matosinhos, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a violência de gênero exige estratégias mais eficazes. “O foco deveria estar nas 85% das mulheres que não acessam a Justiça ou redes de proteção”, afirma.
A promotora Sílvia Chakian destaca que a desigualdade social tem relação direta com os altos índices de feminicídio. “Sem políticas que garantam direitos fundamentais, esses números não vão diminuir”, diz.
Ela também defende medidas contra o abuso sexual infantil e a promoção da educação sexual. Segundo dados, a maioria dos estupros de vulnerável ocorre dentro do ambiente familiar.
Entenda o aumento da violência contra mulheres em SP
- Maior número de casos de estupro e feminicídio desde 2001;
- 14.579 estupros registrados em 2024, crescimento de 2% em relação a 2023;
- 253 feminicídios, aumento de 14% no período;
- Medidas do governo incluem aplicativo de segurança e tornozeleiras eletrônicas;
- Especialistas apontam que a maioria das mulheres não tem acesso às medidas de proteção.