11 de junho de 2025, Brasília — O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub perdeu a paciência com Jair Bolsonaro após o ex-presidente recuar em seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça (10), chamando de “malucos” os apoiadores que pediram intervenção militar e um novo AI-5 após sua derrota nas eleições de 2022. Em resposta, Weintraub disparou: “Fui muito otário!”, reacendendo o racha na ultradireita bolsonarista.
O rompimento definitivo
A frase publicada no X (antigo Twitter) por Weintraub caiu como uma bomba nos círculos bolsonaristas. O ex-ministro compartilhou o vídeo do depoimento de Bolsonaro, no qual o ex-presidente tenta suavizar o tom diante dos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso — a quem, no passado, acusou de corrupção sem provas.
“Eu nunca pedi desculpas a eles. Nunca neguei o que falei deles”, escreveu o ex-chefe do MEC, numa demonstração de que a ala mais radical do bolsonarismo não perdoa o que vê como rendição.
Weintraub também resgatou sua própria fala de 2020, durante reunião ministerial, em que chamou os ministros do STF de “vagabundos” e defendeu a prisão de todos os membros da Corte. A frase viralizou na época e simbolizou a postura de confronto absoluto do bolsonarismo ideológico.
Bolsonaro: do AI-5 à vaia
O tom do depoimento de Bolsonaro ao STF surpreendeu até seus aliados. Ao tentar se distanciar das acusações de tentativa de golpe, ele afirmou que “malucos pediram AI-5” e fez piada com Alexandre de Moraes, sugerindo que o ministro seria seu vice em 2026.
Além disso, admitiu que não entregou a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva por medo de levar “a maior vaia da história do Brasil”.
As declarações provocaram indignação entre os bolsonaristas mais radicais, que viram na postura do ex-presidente um abandono da base que o sustentou mesmo nos momentos mais extremos. Alguns militantes o chamaram de “frouxo” e “traidor”.
Ultraconservadores em guerra
A reação de Weintraub explicita um racha cada vez mais evidente entre os chamados “ideológicos raiz” e o grupo que tenta salvar Bolsonaro politicamente com uma postura mais moderada diante da Justiça.
Enquanto o ex-ministro foi escanteado em 2022 após tentar uma candidatura fracassada ao governo de São Paulo, Bolsonaro seguiu cercado por nomes mais pragmáticos, como Valdemar Costa Neto e Ciro Nogueira — caciques do centrão interessados em preservar seus interesses no Congresso.
Weintraub, por sua vez, tenta se manter relevante nas redes, mas enfrenta rejeição até entre bolsonaristas, sendo considerado radical demais. Sua fala nesta terça, porém, resgatou parte de sua base insatisfeita com o “Bolsonaro paz e amor”.
O preço da rendição
Para analistas políticos ouvidos pelo Diário Carioca, o episódio escancara o dilema enfrentado por Bolsonaro: ceder à Justiça para tentar escapar da inelegibilidade ou manter-se fiel à narrativa golpista que o levou ao colapso institucional.
“Ele está tentando salvar a própria pele, mesmo que tenha que renegar os seguidores mais fanáticos”, afirma o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Já para os ex-aliados como Weintraub, o gesto é visto como traição. “A extrema direita está órfã de um líder que não se curve diante do STF”, disse ao Diário Carioca um ex-assessor bolsonarista que preferiu o anonimato.
O Carioca Esclarece
A nova ofensiva de Weintraub contra Bolsonaro ocorre num momento em que a investigação sobre a tentativa de golpe de 2022 avança no STF. O ex-presidente busca se desvincular dos atos radicais para tentar reverter sua inelegibilidade.
FAQ
1. Por que Abraham Weintraub está criticando Bolsonaro agora?
Weintraub se irritou com o depoimento de Bolsonaro ao STF, em que o ex-presidente chamou de “malucos” os apoiadores que pediram golpe e AI-5.
2. Qual a relação entre Weintraub e os ministros do STF?
Em 2020, Weintraub chamou os ministros do STF de “vagabundos” e defendeu suas prisões, mantendo até hoje sua postura de confronto.
3. Bolsonaro realmente pediu desculpas ao STF?
Sim. Durante o depoimento, Bolsonaro pediu desculpas por acusações anteriores contra Moraes, Fachin e Barroso, numa tentativa de aliviar sua situação jurídica.

