Foto: Roberto Fortuna / Museu Nacional da Dinamarca

Copenhague, 15/09/2025 – Uma peça de jogo com apenas 3 centímetros de altura está ajudando historiadores a entender como realmente se vestiam e penteavam os vikings da época de Harald Bluetooth, no século X.

A figura, feita em marfim de morsa – um dos materiais mais caros da Era Viking – retrata um homem com risco ao meio, cabelo ondulado de lado, orelhas à mostra, barba longa e bigode espesso. Para os pesquisadores, trata-se da representação mais próxima que temos de um retrato viking.


Uma redescoberta no museu

O objeto foi encontrado em 1797, em um túmulo de guerreiro perto do fiorde de Oslo, mas passou dois séculos esquecido nos arquivos do Museu Nacional da Dinamarca. Recentemente, o curador Peter Pentz o redescobriu e publicou suas análises na revista Medieval Archaeology.

“É excepcional termos uma representação tão vívida e tridimensional de um viking. Nunca tínhamos visto os penteados dessa época com tanto detalhe”, afirmou Pentz.


Detalhes inéditos do estilo viking

A peça mostra um penteado elaborado:

  • cabelo repartido ao meio, com ondas laterais;
  • parte de trás raspada;
  • um pequeno caracol acima da orelha;
  • barba longa e trançada, acompanhada de patilhas.

Segundo Pentz, é a primeira vez que os arqueólogos conseguem observar o cabelo masculino viking em todos os ângulos, algo raríssimo na arte da época, que normalmente representava apenas animais e símbolos abstratos.


Do tabuleiro à realeza

O objeto fazia parte de um jogo de tabuleiro viking chamado Hnefatafl, considerado o “xadrez nórdico”. A peça em questão representava o rei, a figura mais importante do tabuleiro, o que explica a preocupação em mostrar um visual de prestígio.

O enterro em que foi encontrada data da segunda metade do século X, período em que Harald Bluetooth governava e Viken, região onde o túmulo foi localizado, estava sob sua influência.


Patrimônio de valor histórico

Hoje, a estatueta integra o acervo de 2 milhões de peças do Museu Nacional da Dinamarca, que vai de machados da Idade da Pedra a relíquias modernas como máscaras da pandemia de Covid-19.

Apesar de seu tamanho reduzido, o busto oferece uma janela rara para compreender a aparência da elite viking e como a identidade era marcada pelo estilo.

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.