Durante os anos de repressão da ditadura, mulheres grávidas carregaram o peso de uma gestação marcada pelo medo constante de prisão, perseguição ou perda de companheiros. Cada batida na porta ou ruído na rua podia significar uma ameaça, transformando a espera por um filho em um período de tensão e ansiedade permanentes.
Mesmo quando não havia violência física direta, o ambiente de interrogatórios, ameaças veladas e notícias de amigos desaparecidos criava uma tortura silenciosa. Muitas precisavam proteger a barriga em celas superlotadas, evitando empurrões e pontapés, e lidar com a ausência de acompanhamento médico, vivendo com medo de perder o bebê.
Como relata Izelda Amaral em No Ar da Ditadura: “O fio dourado da fé, sutil e resistente, me prende à razão, permitindo reorganizar-me mesmo em meio aos fantasmas da perseguição.” A gestação se tornava, assim, um ato de resistência, exigindo coragem para continuar acreditando e reconstruindo ideais em meio ao terror.
Lembrar dessas histórias é reconhecer a força e a resiliência dessas mulheres, preservando a memória de sua luta e garantindo que nenhuma mãe precise viver o medo de dar à luz sob a repressão.