Cibersegurança nas Moedas Digitais: O Futuro do Dinheiro Está Seguro?

Laura Diniz Por Laura Diniz
17 Min Read

Rio de Janeiro – A digitalização da economia avança no Brasil com o desenvolvimento de novas formas de moeda, como o DREX, previsto ainda para 2024, e o PIX, já consolidado. Essas ferramentas prometem facilitar transações e promover inclusão financeira, mas trazem à tona a necessidade de reforçar a cibersegurança. Garantir a proteção dos dados dos usuários e a segurança das transações é o grande desafio da era digital para o sistema financeiro público.


O que você precisa saber:

  • DREX: O Banco Central do Brasil está desenvolvendo o DREX, uma moeda digital pública, com previsão de lançamento em 2024. O objetivo é garantir maior inclusão financeira e modernizar o sistema de transações.
  • PIX: Desde 2020, o PIX revolucionou o sistema de pagamentos instantâneos no Brasil, mas também trouxe desafios de cibersegurança, como fraudes e ataques cibernéticos.
  • Cibersegurança: A proteção dos dados dos usuários e a prevenção de fraudes são essenciais para o sucesso das moedas digitais. Medidas como criptografia avançada e sistemas de monitoramento são fundamentais.

O que são as moedas digitais dos Bancos Centrais (CBDCs)?

As moedas digitais emitidas por Bancos Centrais, conhecidas pela sigla CBDC (Central Bank Digital Currency), representam uma inovação no sistema financeiro global. Ao contrário das criptomoedas, como o Bitcoin, que são descentralizadas e não reguladas, as CBDCs são controladas diretamente por uma autoridade monetária — o Banco Central de um país — e visam ser o equivalente digital do dinheiro físico que utilizamos no dia a dia (RAGAZZO, CATALDO, 2021).

A ideia de uma moeda digital oficial pode soar como algo futurista, como em filmes de ficção científica onde tudo acontece no ambiente virtual, mas ela está se tornando uma realidade cada vez mais próxima. Em países como a China, o Yuan digital já está em testes avançados, enquanto o Brasil está experimentando o DREX, seu projeto de moeda digital (RAGAZZO, CATALDO, 2021).

O grande diferencial das CBDCs é que elas são uma extensão direta do dinheiro que você já conhece, só que em formato digital. Isso significa que, em vez de depender de cédulas ou moedas metálicas, você poderia realizar todas as transações usando essa versão digital controlada pelo governo. É como usar o PIX, só que em uma camada mais profunda do sistema financeiro, onde o dinheiro em si passa a ser totalmente virtual.

Esta nova forma de dinheiro visa aumentar a segurança das transações, facilitar pagamentos instantâneos, e também garantir maior controle e supervisão por parte dos Bancos Centrais, o que é uma diferença fundamental em relação às criptomoedas, que se baseiam na descentralização e muitas vezes escapam do controle governamental.

Comparação entre CBDCs e criptomoedas

As moedas digitais emitidas por Bancos Centrais (CBDCs) e as criptomoedas como o Bitcoin compartilham o fato de serem digitais, mas diferem significativamente em sua estrutura e propósito. Enquanto as CBDCs são emitidas e controladas por uma autoridade central, como o Banco Central, as criptomoedas são descentralizadas e operam em redes peer-to-peer, sem a intervenção de uma instituição governamental.

O Bitcoin, por exemplo, surgiu após a crise financeira de 2008, em resposta à desconfiança nas instituições financeiras e à busca por uma alternativa privada e segura para transações. O sistema por trás do Bitcoin, baseado na tecnologia blockchain, garante que todas as transações sejam verificadas por uma rede distribuída de computadores, sem a necessidade de uma autoridade central para validá-las. Por outro lado, as CBDCs são projetadas para serem uma versão digital da moeda física tradicional, mantida sob o controle do Banco Central e com o objetivo de garantir a estabilidade e confiança no sistema financeiro nacional (RAGAZZO, CATALDO, 2021).

Além disso, as criptomoedas tendem a ser mais voláteis e são amplamente usadas como ativos especulativos, enquanto as CBDCs são projetadas para ter uma paridade direta com a moeda fiduciária, proporcionando maior estabilidade. Isso faz das CBDCs uma ferramenta para o uso diário, semelhante ao dinheiro físico, enquanto as criptomoedas, como o Bitcoin, são mais frequentemente vistas como investimentos de risco ou mecanismos de proteção de privacidade (RAGAZZO, CATALDO, 2021; Bank for International Settlements, 2020).

A importância da cibersegurança no contexto das CBDCs

A cibersegurança é um dos aspectos mais críticos quando falamos sobre moedas digitais emitidas por Bancos Centrais (CBDCs). Assim como outras formas de dinheiro digital, as CBDCs operam em um ambiente totalmente online, o que as torna vulneráveis a ataques cibernéticos. A proteção contra fraudes, roubo de dados e ataques de hackers é essencial para manter a confiança do público nessas novas formas de moeda. Se um sistema de moeda digital pública for comprometido, os impactos podem ser devastadores, afetando não apenas a segurança dos indivíduos, mas também a estabilidade financeira nacional e internacional.

O Banco Central do Brasil, por exemplo, está à frente na implementação de soluções de cibersegurança em sistemas como o Pix e o DREX, garantindo que as transações sejam realizadas de maneira rápida e segura. Em relação ao Pix, já foram adotadas várias medidas de segurança, como a autenticação digital de usuários e a implementação de limites para transações noturnas, tudo isso para minimizar fraudes e fortalecer a confiança no sistema (Banco Central do Brasil, 2023). Esses esforços mostram a preocupação crescente com a segurança digital em todos os níveis de operação dessas plataformas. (bcb) (bcb).

Exemplos conhecidos: PIX e DREX

O Pix, lançado pelo Banco Central do Brasil, é um exemplo claro de como a cibersegurança desempenha um papel fundamental na implementação de sistemas de pagamento digital. Desde seu lançamento, em 2020, o Pix se tornou uma das principais formas de transferência de dinheiro no país. No entanto, seu rápido crescimento trouxe também desafios em termos de segurança, como fraudes e golpes. Para mitigar esses riscos, o Banco Central implementou uma série de medidas, incluindo mecanismos avançados de detecção de fraudes, limites de valor para transações em horários específicos e a criação de uma plataforma robusta de segurança que permite o monitoramento constante das operações (Banco Central do Brasil, 2023).

Outro exemplo promissor é o DREX, o projeto de moeda digital brasileira que está em desenvolvimento. A proposta do DREX é criar uma moeda digital pública totalmente regulada, que possa ser usada em transações diárias, com segurança garantida por uma infraestrutura de alta tecnologia. Como parte do plano de modernização do sistema financeiro nacional, o Banco Central está investindo fortemente na segurança cibernética do DREX, visando evitar qualquer tipo de violação de dados ou manipulação indevida da moeda (Banco Central do Brasil, 2023). (bcb)

Problemas de Segurança nas Moedas Digitais Públicas

As moedas digitais públicas, como as emitidas por Bancos Centrais, enfrentam desafios significativos em termos de cibersegurança, devido à natureza online de suas operações e ao volume massivo de transações. Dois exemplos relevantes são o PIX no Brasil e o sistema UPI (Unified Payments Interface) na Índia, ambos enfrentando vulnerabilidades específicas relacionadas a fraudes e ataques cibernéticos.

O que é o PIX e como ele funciona?

O PIX, lançado em 2020 pelo Banco Central do Brasil, permite que os usuários façam transferências de dinheiro de forma instantânea e gratuita, a qualquer hora do dia. Com uma interface simples e integração com o sistema bancário tradicional, o PIX rapidamente se tornou a principal ferramenta de pagamentos no Brasil. Contudo, devido ao seu alcance e à facilidade de uso, ele também se tornou alvo de fraudes, como golpes de phishing, onde os fraudadores tentam obter dados sensíveis dos usuários para realizar transações não autorizadas. (bcb)

Quais são os desafios de segurança que o PIX e sistemas semelhantes enfrentam?

O crescimento do PIX trouxe à tona uma série de desafios de segurança. Apesar de o sistema contar com medidas de autenticação em dois fatores e criptografia de dados, a simplicidade de sua interface o torna vulnerável a golpes como o SIM swapping, em que criminosos duplicam o número de telefone de uma vítima para acessar o sistema e realizar transações. Além disso, houve uma onda de fraudes que envolvem a clonagem de contas do PIX e o envio de links maliciosos via aplicativos de mensagens para induzir os usuários a fornecer dados pessoais. (bcb)

Exemplos de problemas de segurança no UPI na Índia

O UPI da Índia, que revolucionou o sistema de pagamentos digitais no país, também enfrenta desafios semelhantes. Com milhões de usuários realizando transações diárias, o UPI se tornou alvo frequente de golpes cibernéticos. Entre os métodos mais comuns de fraude estão o phishing, onde criminosos enviam mensagens de texto ou e-mails com links falsos que redirecionam os usuários para sites que capturam seus dados. Além disso, fraudes como o SIM cloning e a utilização de UPI handles fraudulentos têm sido uma preocupação crescente. Esses métodos permitem que hackers realizem transações fraudulentas sem que a vítima perceba imediatamente. (businesstoday) (razorpay)

Embora tanto o PIX quanto o UPI tenham implementado medidas para combater esses problemas, como a educação do usuário e a melhoria dos protocolos de segurança, a natureza contínua das ameaças digitais significa que os sistemas de segurança precisam ser constantemente atualizados para acompanhar as táticas cada vez mais sofisticadas dos criminosos.

O DREX e o futuro do mercado financeiro no Brasil

O DREX, a nova moeda digital do Banco Central do Brasil, está sendo desenvolvida para modernizar o sistema financeiro do país. Como uma CBDC (Central Bank Digital Currency), o DREX é uma extensão digital do real, projetado para ser tão estável quanto a moeda física, com o objetivo de promover a inclusão financeira e aumentar a eficiência nas transações econômicas. Lançado inicialmente como “Real Digital”, o projeto ganhou o nome “DREX” e está previsto para ser lançado oficialmente em 2024, após várias fases de testes. (bcb) (ebc)

O que é o DREX e em que estágio de desenvolvimento ele está?

O DREX é a versão digital do real brasileiro, projetado para facilitar transações financeiras por meio de carteiras digitais reguladas e intermediadas por instituições financeiras autorizadas. Ao contrário de criptomoedas, que sofrem com volatilidade e falta de regulamentação, o DREX será vinculado diretamente ao real físico, garantindo estabilidade e confiança. Atualmente, o DREX está em fase de testes, com a previsão de que esteja disponível ao público até o final de 2024.

Quais são as oportunidades que o DREX pode trazer para o mercado financeiro?

O DREX promete oferecer diversas vantagens para o mercado financeiro brasileiro. Um dos principais benefícios esperados é o aumento da inclusão financeira, especialmente em áreas onde o acesso a bancos é limitado. Através de carteiras digitais, tanto cidadãos quanto empresas poderão participar da economia digital com maior facilidade. Além disso, o DREX deve facilitar transações instantâneas, reduzir o uso de dinheiro físico e promover um ambiente seguro e regulado para novas inovações, como contratos inteligentes e sistemas de pagamento automatizados.

Quais são os principais riscos de segurança associados ao uso de uma moeda digital pública como o DREX?

Assim como outras moedas digitais, o DREX enfrenta desafios significativos em termos de cibersegurança. Uma das preocupações centrais é a proteção dos dados dos usuários, já que qualquer vulnerabilidade pode expor informações sensíveis e comprometer a integridade das transações financeiras. Durante a fase de testes, o Banco Central está focado em desenvolver mecanismos de proteção robustos, incluindo criptografia avançada e sistemas de monitoramento para evitar fraudes e ataques cibernéticos. Outro desafio envolve a criação de um sistema que equilibre a inovação com a proteção dos direitos de privacidade dos usuários, algo que é frequentemente discutido nos ensaios da moeda. (bcb) (bcb) (ebc)

O Futuro da Segurança Digital nas Moedas Públicas

As moedas digitais emitidas por bancos centrais, como o DREX no Brasil, representam um passo significativo para o futuro do sistema financeiro global. Esses novos modelos, além de promoverem a inclusão financeira e a modernização das transações, trazem consigo desafios complexos de cibersegurança. O PIX e o UPI, que já estão em operação em grande escala, revelaram as vulnerabilidades de sistemas digitais de pagamento, enfrentando golpes de phishing, fraudes envolvendo SIM swapping e o uso de aplicativos maliciosos. O sucesso desses sistemas depende, em grande parte, da constante evolução de suas barreiras de segurança. (bcb) (businesstoday) (ebc)

Com o DREX, as oportunidades para o mercado financeiro são vastas, incluindo maior acesso digital para a população, transações mais rápidas e eficientes, e a possibilidade de inovações tecnológicas como contratos inteligentes. No entanto, a criação de um ambiente seguro para essas transações é essencial para garantir a confiança do público. A implementação de moedas digitais públicas exige uma infraestrutura robusta e flexível, capaz de combater ameaças cibernéticas e preservar a privacidade dos usuários. (bcb) (bcb)

Em uma era em que os avanços tecnológicos são tão rápidos quanto as ameaças, a cibersegurança deve ser uma prioridade. Assim como em filmes futuristas, como “Minority Report” (2002), onde a tecnologia permeia todos os aspectos da vida, surge a pergunta: até que ponto estamos preparados para lidar com a convergência do digital e do financeiro de forma segura? A inovação deve sempre andar lado a lado com a proteção, mas será que estamos prontos para proteger nossas economias digitais de forma eficaz? O futuro das moedas digitais e sua aceitação pública dependerão, em grande parte, das respostas que encontrarmos para essas questões.

Referências:

RAGAZZO, Carlos; CATALDO, Bruna. Moedas Digitais. Entenda o que são criptomoedas, stablecoins e CBDCs. Instituto Propague. White Paper, Setembro, 2021. Disponível em: https://institutopropague.org

BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Central bank digital currencies: foundational principles and core features. BIS, 2020. Disponível em: https://www.bis.org.

Banco Central do Brasil: www.bcb.gov.br

Business Today India: www.businesstoday.in

Razorpay: www.razorpay.com.

Agência Brasil: agenciabrasil.ebc.com.br.

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