O governo Lula 3 pode encerrar o mandato com a menor inflação acumulada do século, segundo projeções do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). O cálculo, feito pelo economista André Braz a pedido da Folha de S.Paulo, estima que o acumulado entre 2023 e 2026 será de 19,11%, caso as previsões para 2025 e 2026 se confirmem — o menor resultado desde o início do regime de metas, em 1999.
Lula supera o próprio recorde histórico
O levantamento do FGV Ibre mostra que o desempenho previsto para o governo Lula 3 supera até mesmo o recorde anterior registrado no segundo mandato de Lula (2006–2010), quando o IPCA acumulou 22,21%. O resultado, se consolidado, colocará a atual gestão à frente de todos os governos desde Fernando Henrique Cardoso, incluindo Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro.
O sistema de metas de inflação foi implantado no governo FHC, em 1999, com um objetivo inicial de 8% ao ano. Desde então, o Brasil manteve ajustes graduais nessa política monetária, e a meta atual gira em torno de 3% ao ano, com uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — o que significa que a inflação desejada deve oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Além de representar estabilidade de preços, o desempenho econômico reforça a imagem de responsabilidade fiscal e credibilidade da atual política econômica, comandada por Fernando Haddad no Ministério da Fazenda.
Haddad celebra resultado e destaca credibilidade econômica
Durante o lançamento do programa Reforma Casa Brasil, o ministro Fernando Haddad destacou o marco histórico alcançado por Lula:
“O senhor vai terminar o terceiro mandato com a menor inflação acumulada da história do Brasil. O mais importante é que o senhor está batendo o próprio recorde, pois já havia registrado o menor índice em seu segundo mandato.”
A fala reflete a estratégia do governo de reforçar o discurso de estabilidade econômica com inclusão social, contrastando o cenário atual com o período de inflação elevada e descontrole fiscal observado em administrações anteriores.
Entretanto, especialistas alertam que a sustentabilidade da política anti-inflacionária depende da continuidade das medidas de controle de gastos e da ampliação da base de investimentos produtivos.
Percepção popular e desafio político até 2026
Apesar dos indicadores favoráveis, a percepção popular ainda não acompanha o desempenho técnico da economia. Uma pesquisa Datafolha, divulgada em abril, mostrou que 54% dos brasileiros responsabilizam o governo Lula pelo aumento dos preços dos alimentos — reflexo do impacto direto do custo de vida na renda das famílias.
Essa discrepância entre dados econômicos e sentimento popular preocupa a equipe de comunicação do Palácio do Planalto, que enxerga no tema um dos grandes desafios para as eleições de 2026.
Para reverter a percepção negativa, o governo aposta em medidas de alívio imediato à renda, como a ampliação do Auxílio Gás e a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, já aprovada na Câmara dos Deputados.
Além disso, programas de investimento em habitação e infraestrutura — como o Minha Casa, Minha Vida e o Reforma Casa Brasil — devem ganhar força em 2026, servindo como vitrine da estabilidade econômica aliada a políticas sociais.
Contexto histórico e implicações econômicas
Se confirmadas as projeções, a Inflação No Governo Lula 3 será a menor em mais de 25 anos, um marco que reforça a credibilidade do Banco Central e a eficácia da política fiscal.
O dado contrasta com períodos de forte instabilidade:
- FHC (1999–2002): 31,5%
- Lula 1 (2003–2006): 28,2%
- Lula 2 (2007–2010): 22,2%
- Dilma (2011–2016): 42,5%
- Temer (2016–2018): 10,9%
- Bolsonaro (2019–2022): 26,8%
Os números evidenciam uma trajetória de estabilização gradual, especialmente sob governos que priorizaram o equilíbrio macroeconômico com crescimento social.
O desafio, agora, é consolidar a confiança do mercado e da população, transformando estabilidade em melhoria perceptível da qualidade de vida.


