Em entrevista ao podcast 3 Irmãos, no último sábado (27/9), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil ainda busca consolidar uma classe dirigente capaz de pensar em projetos de longo prazo, desvinculada dos interesses da elite econômica dominante.
Para Haddad, essa classe não precisa ser ideologicamente homogênea, mas deve ter compromisso com o desenvolvimento nacional e a redução das desigualdades.
Desenvolvimento depende de classe dirigente autônoma
Haddad destacou que países civilizados possuem uma classe dirigente que consegue pensar além da simples acumulação de riqueza e direciona o país para um projeto de futuro sustentável. Ele argumentou: “São aquelas pessoas que não estão apenas pensando em acumular dinheiro. Estão pensando em construir um País. Estão pensando no longo prazo; esse é o tesão do cara”.
O ministro também explicou que, historicamente, no Brasil, tentativas de consolidar uma classe dirigente autônoma frequentemente enfrentaram resistência da classe dominante, citando eventos como o suicídio de Getúlio Vargas, a deposição de João Goulart e a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva.
Histórico de captura do Estado
Segundo Haddad, o embate entre classes dirigentes e dominantes remonta à abolição da escravidão e à proclamação da República. Ele apontou que, após a abolição, o Estado brasileiro foi transferido para a classe dominante, perpetuando a concentração de poder econômico e dificultando a formação de lideranças comprometidas com o interesse público.
“[A classe dominante] jamais aceitou a formação de uma classe dirigente. O Estado foi transferido a título de indenização: ‘acabou a escravidão, mas tomem aqui o Estado brasileiro. Vocês tocam’”, explicou. Haddad completou que toda vez que esse equilíbrio é questionado, há ameaças à democracia, evidenciando a fragilidade institucional brasileira diante de projetos populares.
Construção de um projeto nacional
O ministro enfatizou que o Governo do Brasil busca justamente fortalecer uma classe dirigente capaz de implementar políticas de longo prazo, promovendo igualdade social e enfrentando a captura econômica do Estado. Segundo Haddad, a construção desse projeto é essencial para que o país se desenvolva de forma sustentável, garantindo que o crescimento alcance toda a população e não apenas interesses privados.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		