A brasileira Luana Lopes Lara, 29 anos, entrou para a lista da Forbes como a bilionária mais jovem do mundo a constituir sua própria fortuna. Ela é cofundadora da Kalshi, plataforma de contratos sobre eventos futuros avaliada em US$ 11 bilhões (R$ 58,63 bilhões).
Como funciona o mercado criado por Luana
Formada no MIT junto a seu sócio Tarek Mansour, também de 29 anos, Luana lançou a Kalshi em 2018. O nome, que significa “tudo” em árabe, reflete o modelo do negócio: usuários compram contratos apostando no resultado de eventos variados, desde jogos esportivos a eleições e até datas de casamento de celebridades. Se o evento ocorre, o apostador recebe seu dinheiro de volta com lucro.
A Kalshi diz não ser um site de apostas, mas uma plataforma de “descoberta de preços e gerenciamento de risco”. Essa justificativa permite que opere nos 50 estados americanos, inclusive nos 20 onde apostas online são proibidas, graças à aprovação da CFTC, órgão federal que regula contratos futuros.
Reguladores tentam conter crescimento
Reguladores estaduais alegam que o serviço da Kalshi é idêntico ao das casas de aposta tradicionais e tentam impedir a venda de contratos ligados a prognósticos esportivos desde o início do ano. Mesmo assim, a empresa cresceu 57% em tráfego em novembro, segundo a Similarweb.
Investimento bilionário impulsiona valor
Na terça-feira (2), a Kalshi anunciou um aporte de US$ 1 bilhão por 9,09% das ações, liderado pela Paradigm, com participação de fundos como Sequoia e Andreessen Horowitz. A avaliação da empresa subiu a US$ 11 bilhões, 5,5 vezes mais em menos de seis meses. Luana e Mansour detêm cerca de 12% cada, com patrimônio estimado em US$ 1,3 bilhão (R$ 6,93 bilhões).
Disputa em ano eleitoral
A Kalshi enfrentou pressão federal por contratos relacionados às eleições de 2024, que indicavam maior chance de vitória de Donald Trump sobre Kamala Harris — os contratos pagavam mais para aqueles que apostavam na democrata. A CFTC tentou restringir esses contratos, mas perdeu após recurso da empresa. Em fevereiro, a comissária Summer K. Mersinger, indicada por Trump, mudou a posição do órgão.
Donald Trump Jr. entrou para o conselho consultivo da Kalshi em janeiro e, em setembro, assumiu também posição similar na rival Polymarket.
Expansão acelerada
Antes deste aporte, a Kalshi valia US$ 5 bilhões após captar US$ 300 milhões em outubro. Em junho, já havia levantado US$ 185 milhões, chegando a US$ 2 bilhões de avaliação. Esse ritmo acelerado de investimentos consolidou a startup como uma das de maior crescimento recente no setor financeiro.
Quem é Luana Lopes Lara
Natural de Santa Catarina, Luana estudou balé na Escola do Teatro Bolshoi em Joinville e ganhou medalhas em olimpíadas acadêmicas. Filha de professora de matemática e engenheiro elétrico, estudou no MIT e entrou para a lista Forbes 30 Under 30 em 2021.
A Kalshi recebeu autorização federal para operar nos EUA em novembro de 2020, quando a CFTC a reconheceu como mercado de contratos designado. Seus contratos são classificados como “contratos de eventos”, tipo de derivativo financeiro.
Atualmente, o volume semanal negociado ultrapassa US$ 1 bilhão, com mais de 90% ligado a operações esportivas.

