David Pina conquistou o bronze na categoria 51 kg, o primeiro do pequeno país africano. Entretanto, o caminho foi longo até o pódio. Ele já havia disputado as olimpíadas de Tóquio 2020, onde conheceu o técnico Bruno Carvalho e decidiu recomeçar a vida em Portugal. Entretanto, só os atletas mais famosos podem se dedicar apenas ao esporte e foi necessária criatividade para manter o condicionamento quando as contas apertaram.
“Foi trabalhar dois meses nas obras para ter dinheiro para casa, para a família, para poder comer”, revelou o técnico do boxeador à agência Lusa.
Ao todo, Pina fez 13 viagens internacionais para conseguir a classificação para os Jogos de Paris, até que o dinheiro acabou.
“Ele tem uma bolsa de solidariedade olímpica de 750 dólares por mês, o que é muito pouco. Também tem família, uma mulher e dois filhos. Houve uma altura em que disse que tinha de parar para ir trabalhar”, desabafou o seu treinador. “Isto é tudo muito engraçado, mas ninguém suporta nada nem ninguém até conseguir o resultado. Ele fez um esforço brutal e foi recompensado”.
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Na história das olimpíadas, o bronze de David Pina é o terceiro das ex-colônias portuguesas na África. Antes, dele, apenas a moçambicana Maria Mutola conquistou medalhas, sendo um terceiro lugar em Atlanta 1996 e outro em Sydney 2000.
Satisfeito com o resultado do trabalho, o técnico Bruno Carvalho parabenizou o cabo-verdense, “Espero que a vida dele mude porque, se há alguém que merece, é este menino. É um menino de ouro”.
