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Rússia oferece asilo a Elon Musk em racha com Donald Trump

Em meio ao confronto bilionário, aliados de Vladimir Putin ironizam os EUA e acenam com abrigo a Elon Musk, alvo de ameaças trumpistas.

MOSCOU, RÚSSIA – 8 de junho de 2025 – A escalada pública de ataques entre Donald Trump e Elon Musk não passou despercebida em Moscou. Pelo contrário: a cúpula russa tem reagido com ironias afiadas e até sugestões públicas de asilo político ao bilionário da Tesla e SpaceX — em tom de zombaria, mas com óbvios recados geopolíticos.

Ao transformar o confronto interno nos Estados Unidos em espetáculo internacional, o Kremlin usa o caso para comparar a democracia americana ao modelo autocrático russo, propondo-se como porto seguro para magnatas em apuros com o poder.


Uma briga de oligarcas, vista da Rússia

A disputa entre Musk e Trump, iniciada após o bilionário romper com o ex-presidente e divulgar mensagens comprometedores, ganhou novos contornos quando Stephen Bannon, estrategista da extrema direita, passou a defender a deportação de Musk como imigrante ilegal e a expropriação de suas empresas, incluindo a aeroespacial SpaceX.

Diante da crescente tensão, figuras próximas ao governo russo passaram a satirizar o episódio. O primeiro a disparar foi Kirill Dmitriev, responsável por negociações entre o Kremlin e a Casa Branca, que usou a plataforma X, de propriedade do próprio Musk, para perguntar: “Por que não podemos simplesmente nos dar bem?”, citando a icônica frase de Rodney King nos protestos de Los Angeles.

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O sarcasmo russo se intensificou nos dias seguintes, com postagens de membros do governo e ex-aliados de Putin insinuando que, caso Musk “enfrente dificuldades insuperáveis nos EUA”, ele poderia encontrar abrigo em Moscou.


Ofertas de exílio e memes com veneno

Entre os que brincaram com a ideia de um “asilo técnico criativo” para Musk estão Dmitry Medvedev, ex-presidente e atual vice do Conselho de Segurança russo, e Dmitry Rogozin, ex-chefe da agência espacial Roscosmos e velho rival de Musk no setor espacial.

“Estamos prontos para intermediar a paz entre D e E em troca de ações da Starlink. Não briguem, rapazes!”, escreveu Medvedev.

Rogozin foi mais direto:
“Elon, se as coisas ficarem ruins aí, vem pra cá e seja um dos nossos. Aqui você terá liberdade total de criatividade técnica.”

A piada foi reforçada pelo deputado Dmitry Novikov, vice do comitê internacional da Duma, que sugeriu à agência estatal Tass que a Rússia poderia formalmente oferecer asilo a Musk “se ele precisar”.


Trump usa o Estado contra Musk

O que está em jogo não é apenas um embate pessoal, mas o uso do aparato estatal contra um empresário bilionário. O próprio Trump sugeriu encerrar contratos bilionários com empresas de Musk — decisão que pode impactar setores cruciais como comunicações via satélite e inteligência artificial.

Nos bastidores, membros da campanha trumpista avaliam formas jurídicas de investigar, pressionar e punir Musk, cuja influência política aumentou substancialmente desde que comprou o Twitter, rebatizado como X, e passou a flertar com setores da direita e da esquerda libertária.

A postura de Trump ecoa o sistema de controle estatal russo sobre seus oligarcas: quem coopera sobrevive, quem confronta perde tudo — ou desaparece.


Putin como modelo de chantagem

A reação russa transforma a crise em um espelho: enquanto Trump ameaça Musk com punições estatais, a Rússia oferece acolhimento — evidentemente, uma provocação à democracia americana. O paralelo com Vladimir Putin é inevitável.

Putin controla os oligarcas russos por meio de contratos estatais, favores fiscais e ameaças veladas. Aqueles que desafiam o regime enfrentam exílios forçados, prisões arbitrárias ou mortes suspeitas.

Figuras como Mikhail Khodorkovsky, preso por uma década e exilado, ou Boris Berezovsky, encontrado morto em 2013 na Inglaterra em circunstâncias misteriosas, são lembradas nas redes sociais russas como alertas — ou presságios.

Outros, como Yevgeny Prigozhin, ex-aliado de Putin e líder do grupo mercenário Wagner, morreram de forma brutal após desafiar o Kremlin.


Satélite, dinheiro e vingança política

O ponto mais sensível da disputa gira em torno da Starlink, sistema de satélites controlado por Musk, utilizado em operações militares da OTAN e por governos aliados. Trump insinua que pode romper contratos estratégicos, o que seria não apenas uma retaliação pessoal, mas uma ruptura institucional com impactos globais.

A briga levanta questões sobre a relação entre poder político e poder tecnológico, em um mundo onde bilionários influenciam eleições e plataformas privadas controlam a infraestrutura da comunicação global.

Ao sugerir que Musk poderia ser deportado como “ilegal” — mesmo sendo cidadão americano naturalizado —, Trump abre um precedente perigoso: o uso da imigração como arma política contra dissidentes ricos.


O Carioca Esclarece

Elon Musk pode realmente ser deportado dos EUA?
É altamente improvável. Musk é cidadão americano naturalizado, e a deportação só ocorreria em caso de fraude documental ou crime grave. As ameaças de Bannon são retóricas e politicamente motivadas.

Por que a Rússia se envolve nessa disputa?
O Kremlin vê uma oportunidade de desgastar a imagem dos EUA, comparando a perseguição a bilionários com práticas autoritárias russas. Ao oferecer asilo a Musk, Moscou inverte o papel histórico dos Estados Unidos como refúgio para dissidentes.

Há riscos reais para as empresas de Musk?
Sim. Se Trump voltar ao poder e cumprir a promessa de romper contratos com a SpaceX, a empresa perderia bilhões em repasses federais. A instabilidade política também afeta a imagem de neutralidade da Starlink em conflitos internacionais.

JR Vital
JR Vitalhttps://www.diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.
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