Ministros das Relações Exteriores do Brics se reuniram nesta sexta-feira (26) em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU, e divulgaram um comunicado repleto de críticas indiretas aos Estados Unidos, sem mencionar Washington diretamente.
O texto também abordou conflitos internacionais, incluindo Gaza e Sudão, mas ignorou completamente a guerra na Ucrânia.
O comunicado condena a proliferação de tarifas e barreiras unilaterais ao comércio internacional, pedindo a restauração do Órgão de Apelação da OMC, paralisado por bloqueios na nomeação de juízes pelos EUA. Os ministros alertam que tais medidas coercitivas distorcem o comércio global, fragmentam mercados e marginalizam o Sul Global.
Além disso, o bloco reforçou a defesa do papel da Organização Mundial da Saúde (OMS) como autoridade global, em reação à postura anterior do governo de Donald Trump, e destacou a necessidade de proteção do comércio agrícola e de fertilizantes essenciais à segurança alimentar mundial. O tema é particularmente sensível ao Brasil, que depende da importação de fertilizantes russos em meio a ameaças de sanções secundárias dos EUA.
O comunicado rejeita também mecanismos europeus considerados discriminatórios, como ajustes de carbono na fronteira (CBAMs), regulações sobre desmatamento e requisitos de diligência prévia, alegando que “causam disrupções deliberadas nas cadeias globais de fornecimento e distorcem a concorrência”.
O grupo expressou preocupação com conflitos em Gaza, Sudão e ataques a outros países, pedindo cessar-fogo imediato, retirada de tropas e acesso irrestrito à ajuda humanitária. Contudo, apesar da abrangência, não houve qualquer referência à guerra na Ucrânia, demonstrando omissão estratégica sobre o conflito.
O documento também endossou a posição do Brasil sobre reforma no Conselho de Segurança da ONU, apoiando maior participação de países emergentes. China e Rússia reiteraram apoio às aspirações do Brasil e da Índia de desempenhar papel mais relevante na governança global, em contraste com a política de “America First” de Trump.
Na pauta ambiental, os Brics declararam apoio à COP30, que será realizada em Belém, e elogiaram iniciativas brasileiras como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre. O comunicado também citou o Fundo de Biodiversidade de Kunming, financiado pela China, reforçando coordenação entre Brasília e Pequim em temas climáticos.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		