A indicação de Donald Trump ao Nobel da Paz neste ano parece uma piada de mau gosto diante do histórico autoritário e de ataques constantes às instituições democráticas dos EUA. Embora se fale em cessar-fogo entre Irã e Israel, Trump acumula atitudes e medidas incompatíveis com qualquer figura de paz — mais próximas de um “strongman” do que de um diplomata.
Decretos e poderes emergenciais
Desde sua reeleição em janeiro, Trump vem emitindo uma avalanche de ordens executivas. Foram 19 pedidos de emergência ao Supremo Tribunal só este ano, com vitórias significativas: banimento de migrantes com status humanitário, permissão para deportações em massa e banimento de pessoas trans no Exército. Ele invocou leis de emergência para acelerar licenças de perfuração, mineração, projetos de energia e até para reformular o FEMA, transferindo o poder de gestão de desastres de Washington para a Casa Branca .
Militarização e lavanderia institucional
Em Los Angeles, Trump federalizou a Guarda Nacional e mandou agentes mascarados para controlar protestos anti-ICE — uma tática de intimidação que lembra regimes autoritários. Ele ainda usou o Exército como instrumento de controle interno, desafiando governadores e expandindo sua autoridade sobre as forças armadas .
Perseguição a opositores e imprensa
President Trump não se contenta em criticar — ele pune. Já ordenou demissão em massa de 17 inspectores-gerais — vigilantes federais independentes — num movimento descrito como “purga à noite de sexta-feira”. Ele também reagiu mal a decisões judiciais, sugerindo impunidade frente a cortes e nomeando procuradores a dedo. A imprensa virou alvo oficial: classificada como “inimiga do povo”, teve repórteres barrados e sofreu tentativas de censura indireta .
Militares nas ruas e ataques ao Judiciário
Em junho, Trump lançou um ataque aéreo ao Irã sem autorização do Congresso, o que gerou um processo de impeachment em curso por violação da War Powers Act.
Além disso, Aduziu um plano ambicioso chamado “Project 2025”, criticado por analistas como tentativa de autocratização: extinguir agências, instalar lealistas e controlar eleições.
Protestos contra o golpe autoritário
Em 14 de junho, cerca de 5 milhões de pessoas participaram dos “No Kings protests” em mais de 2.100 cidades — símbolo de rejeição a seu inclinação autocrática.
Contradição escancarada
Enquanto Trump coleciona medidas que concentram poder, militarizam o interior e perseguem críticos, sua nomeação ao Nobel soa como flagrante contradição. Como premiar a paz quem usa emergências para contornar leis, quem federaliza tropas para esmagar protestos e quem persegue juízes e jornalistas?
O Diário Carioca reforça que, com esse histórico, Trump é mais figura de autoritarismo do que de pacificação. A indicação para o Nobel da Paz, mesmo simbolicamente, é um escárnio à democracia.
O Carioca Esclarece
Poderes emergenciais permitem ao presidente agir sem Congresso diante de catástrofes — mas Trump vem usando essas prerrogativas para governar por decreto, minando o sistema de freios e contrapesos.
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Como Trump emitiu tantas ordens emergenciais?
Ele recorreu a leis como Defense Production Act e declaração de emergências econômicas e energéticas para contornar processos legislativos reuters.com+1reuters.com+1.
2. Por que federalizar tropas contra protestos é autoritário?
Porque retira autonomia de governos estaduais e usa a força militar para controlar civis, enfraquecendo as liberdades fundamentais .
3. O Nobel exige critérios rígidos?
Não necessariamente. Mas, historicamente, premiados atuam de modo transparente e pacífico — diferentemente das ações autoritárias de Trump.
