A Justiça argentina realizou buscas em endereços ligados à Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS), detonando um escândalo de propina que atinge diretamente o governo de Javier Milei.
Os áudios do ex-dirigente Diego Spagnuolo mencionam a irmã do presidente, Karina Milei, e o subsecretário Eduardo “Lule” Menem em um suposto esquema de corrupção nas compras de medicamentos para o Estado.
Núcleo do poder sob suspeita
As gravações atribuídas a Spagnuolo indicam que a ANDIS teria sido fraudada com pagamento de subornos e repasses ilegais. O ex-dirigente afirma possuir conversas de WhatsApp que comprovariam os subornos a Karina Milei, hoje considerada o braço mais próximo do presidente. Embora a autenticidade dos áudios ainda não tenha sido validada, a crise já atravessa os corredores do Congresso argentino.
Operação revela patrimônio ilícito
Na ofensiva da Justiça, foram apreendidos carros de luxo, celulares e até uma máquina de contar dinheiro na residência de Spagnuolo. Também foram incluídos na investigação a farmácia Suizo Argentina e seus proprietários, que tiveram US$ 266 mil (R$ 1,5 milhão) confiscados. O local é apontado como um dos maiores fornecedores da ANDIS e suspeito de bancar parte das propinas. Empresários ligados à farmácia e o ex-dirigente foram proibidos de deixar o país.
O silêncio de Milei
O presidente Javier Milei não se pronunciou sobre o escândalo. O chefe de gabinete tentou blindar o governo, afirmando que Milei nunca recebeu denúncias formais de Spagnuolo. A ausência de resposta amplia a crise política, que explode a menos de dois meses das eleições legislativas de meio de mandato, um teste crucial para a agenda de austeridade e reformas ultraliberais defendidas pelo governo.
Repercussão política imediata
A crise ocorre após derrotas parlamentares impostas ao Executivo, inclusive na tentativa de reverter o veto presidencial ao aumento de apoio financeiro a pessoas com deficiência. A proximidade de Karina Milei com o presidente, somada à influência de Eduardo Menem no Palácio, transforma a denúncia em um terremoto político. O governo tenta ganhar tempo, mas a investigação da Justiça e o avanço das provas ampliam a pressão.

