Paris – O governo de Michel Barnier chegou ao fim após ser derrubado por uma moção de censura no Parlamento. A votação, que contou com 331 votos a favor, reuniu uma aliança improvável entre partidos de esquerda e a extrema-direita liderada por Marine Le Pen.
Com isso, o executivo liderado por Barnier se tornou o mais curto desde 1958, e o presidente Emmanuel Macron enfrenta o desafio de reestruturar o governo em meio a um cenário de incerteza política.
A crise foi desencadeada quando Barnier utilizou o artigo 49.3 da Constituição para aprovar o orçamento da segurança social sem o aval do Parlamento.
A decisão gerou forte insatisfação entre os parlamentares, que aproveitaram o momento para apresentar duas moções de censura, levando à queda do governo.
A destituição de Michel Barnier
A aprovação da moção de censura foi um marco histórico para a política francesa. Com 331 votos favoráveis, o Parlamento ultrapassou os 288 necessários para derrubar o governo. A Nova Frente Popular, representando os partidos de esquerda, e o Rassemblement National, de extrema-direita, uniram forças em uma decisão rara para forçar a saída de Barnier.
O uso do artigo 49.3 pela gestão Barnier foi central no desfecho. A medida, que permite aprovar propostas sem votação parlamentar, é considerada polêmica e foi interpretada como um golpe na democracia legislativa, o que aumentou as tensões políticas.
Impactos para o governo francês
Com a queda de Barnier, o presidente Emmanuel Macron precisará formar um governo provisório para evitar um vácuo de poder. Embora a França não enfrente o risco de paralisação administrativa, a incerteza política pode afetar os mercados financeiros e dificultar a tomada de decisões importantes.
Além disso, o calendário eleitoral traz outro obstáculo. Novas eleições legislativas só poderão ser realizadas a partir de julho, o que prolonga o impasse político. Durante esse período, Macron dependerá de um governo de gestão para conduzir o país.
Marine Le Pen critica Macron
A líder do Rassemblement National, Marine Le Pen, responsabilizou diretamente Macron pela crise política. Em entrevista ao canal TF1, Le Pen afirmou que o presidente é o principal culpado pela situação e que terá de “assumir suas responsabilidades”. Apesar das críticas, ela descartou pedir a renúncia de Macron, afirmando que acredita no aumento da pressão sobre ele nos próximos meses.
Le Pen também lamentou a necessidade de aliança com a esquerda para alcançar a vitória na moção, mas justificou a ação como uma medida necessária para proteger os interesses dos franceses.
Macron promete permanecer no cargo
Apesar da pressão, Macron reafirmou que permanecerá no cargo até o final de seu mandato, em 2027. O presidente deve se pronunciar oficialmente na quinta-feira, às 19h (horário de Lisboa), para abordar a situação e apresentar os próximos passos para superar a crise.
Entenda a queda de Michel Barnier
- Moção de censura: O Parlamento aprovou a destituição do governo por 331 votos.
- Aliança inédita: Esquerda e extrema-direita uniram forças contra Barnier.
- Artigo 49.3: Aprovado orçamento da segurança social sem votação parlamentar.
- Instabilidade política: Macron enfrentará dificuldades para formar um novo governo.
- Calendário eleitoral: Novas eleições legislativas apenas em julho de 2024.