Cerco Genocida

Genocidas de Israel interceptam barco com Greta Thunberg e Thiago Ávila

Exército israelense usou drones e gás contra ativistas em águas internacionais; grupo levava ajuda humanitária a Gaza

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Tripulantes da embarcação Madleen,, que levava 12 ativistas rumo à Faixa de Gaza, de mãos levantadas após invasão do Israel. Imagem: reprodução

8 de junho de 2025, Mar Mediterrâneo Oriental – O exército de Israel interceptou neste domingo (8) a embarcação Madleen, que transportava ajuda humanitária à Faixa de Gaza e 12 ativistas internacionais, entre eles a sueca Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila, a francesa Rima Hassan e o jornalista Omar Faiad, da Al Jazeera.

A operação militar ocorreu em águas internacionais, configurando uma possível violação do direito marítimo internacional.

A ação israelense envolveu o uso de drones armados, gás de origem desconhecida e a prisão dos tripulantes, que foram obrigados a destruir seus celulares, numa tentativa de impedir a documentação da ação militar. Nenhum ferimento foi confirmado até o momento, mas o paradeiro dos ativistas permanece incerto.


Israel reage com força militar à solidariedade internacional

O Madleen zarpou da Sicília, Itália, no dia 1º de junho, com a missão de romper simbolicamente o bloqueio marítimo de Israel à Faixa de Gaza, que já dura mais de 17 anos. A bordo estavam alimentos, remédios e suprimentos básicos, além de vozes conhecidas da luta por justiça climática, direitos humanos e liberdade de imprensa.

Antes da interceptação, drones israelenses sobrevoaram o barco e lançaram uma substância química ainda não identificada, segundo relatos da cofundadora do Movimento de Solidariedade Internacional, Huwaida Arraf. “Alguns relataram ardência nos olhos”, declarou à Al Jazeera. O cerco durou mais de uma hora e meia, com barcos militares intimidando a tripulação.

Pouco antes do ataque, Thiago Ávila alertou pelo Instagram: “O nosso barco está sendo cercado! Precisamos de ajuda.” A publicação veio após a exclusão de um vídeo em que relatava o avanço de embarcações não identificadas. Após esse momento, todas as comunicações foram interrompidas.


Operação coordenada impôs censura e silenciamento forçado

A relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, confirmou a perda de contato com o Madleen. Segundo ela, a última ligação com o capitão indicava que ninguém estava ferido, mas a comunicação foi cortada quando ele relatava a aproximação de mais uma embarcação. “Esses drones não são feitos para vigiar — são feitos para matar”, declarou Albanese, evidenciando a escalada de intimidação promovida por Israel.

Vídeos divulgados pela Freedom Flotilla Coalition mostram os ativistas de colete salva-vidas, sentados no convés com as mãos para o alto, jogando os celulares no mar. A ação foi ordenada por comandos israelenses, que também interromperam a transmissão ao vivo da Al Jazeera. Trata-se de uma ação militar deliberada para impedir o registro do que pode configurar crime internacional contra civis desarmados.


Bloqueio israelense agrava catástrofe humanitária em Gaza

Desde o início do atual cerco militar, iniciado em outubro de 2023, mais de 37 mil palestinos já foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. O bloqueio marítimo é parte da estratégia israelense para isolar a região, sob o argumento de conter o envio de armas ao Hamas. No entanto, a população civil segue privada de alimentos, energia, medicamentos e água potável, o que levou a ONU a classificar a situação como “catastrófica” e de potencial genocídio”.

A missão do Madleen era simbólica, mas poderosa: um gesto de solidariedade global diante do silêncio diplomático e da cumplicidade internacional com o bloqueio. Ao interceptar e deter seus tripulantes, Israel volta a aplicar a doutrina do veto armado à ajuda humanitária, ignorando apelos internacionais por corredores de paz.


O Carioca Esclarece

Israel pode atacar civis em águas internacionais?
Não. Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, ataques em águas internacionais contra embarcações civis sem justificativa de autodefesa ou autorização do Conselho de Segurança da ONU configuram violação do direito internacional. O ataque ao Madleen, sem qualquer evidência de ameaça militar, pode ser enquadrado como ato de pirataria de Estado.

Qual o papel de Greta Thunberg e Thiago Ávila nessa missão?
Ambos são conhecidos por sua atuação em causas sociais e climáticas. Thunberg tem se posicionado contra o apartheid israelense e participado de ações pró-Palestina. Thiago Ávila integra redes latino-americanas de justiça climática e direitos humanos. Sua presença reforça a interseccionalidade entre crise climática, colonialismo e ocupações militares.

Por que Israel obriga ativistas a destruírem seus celulares?
A ordem para que os ativistas jogassem seus celulares no mar revela uma estratégia deliberada de censura e apagamento de provas. Ao impedir a transmissão de imagens, Israel visa controlar a narrativa internacional, evitar o escrutínio da imprensa e reduzir o impacto simbólico da missão.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.