Desafio ao Ocidente

Irã anuncia fim das restrições do acordo nuclear de 2015

Teerã rompe dispositivo do pacto de Viena, mas mantém compromisso com diálogo diplomático

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

O governo do Irã anunciou neste sábado (18) o fim do cumprimento das restrições ao seu programa nuclear previstas no acordo firmado em 2015 com as grandes potências, exatamente na data de expiração do pacto, que completou dez anos desde a ratificação pela ONU.

Ruptura com o acordo de Viena e contexto histórico

O Acordo de Viena, assinado em 2015 entre Irã, Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia, estabelecia limites para o programa nuclear de Teerã, visando seu uso apenas civil, em troca da suspensão de sanções econômicas. Este pacto sofreu abalos em 2018, quando o então presidente americano, Donald Trump, retirou os EUA do acordo e reimpôs sanções.

Desde então, o Irã vem se afastando dos compromissos, elevando o nível de enriquecimento de urânio para 60%, muito acima do limite de 3,67% estipulado inicialmente. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alerta que o país é hoje o único sem armas nucleares a operar em níveis próximos aos 90% necessários para produzir uma arma nuclear, embora Teerã insista em fins pacíficos para seu programa.

Impactos da guerra e retomada das sanções

A cooperação entre Irã e inspetores da AIEA foi suspensa após o conflito de junho entre Israel e Irã, quando o Exército israelense, com o apoio dos EUA, bombardeou instalações nucleares e balísticas iranianas em cidades como Fordo, Natanz e Isfahan. O ataque interrompeu as negociações indiretas entre Washington e Teerã.

Em agosto, Reino Unido, França e Alemanha ativaram o mecanismo de “snapback”, restabelecendo automaticamente as sanções da ONU, argumentando que o Irã não provou que suas atividades são pacíficas. As sanções foram reativadas oficialmente em setembro, aumentando o isolamento diplomático do Irã e reacendendo temores globais sobre uma nova corrida nuclear no Oriente Médio.

Consequências internacionais e perspectivas futuras

O fim das restrições iranianas representa um marco na escalada das tensões internacionais e reforça o desafio diplomático para conter a proliferação nuclear. A decisão do Irã de manter o diálogo aberto pode ser interpretada como uma tentativa de negociar condições mais favoráveis, mas o risco de conflito regional e global é elevado diante da atual dinâmica de sanções e retaliações.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.