Teerã, 24 de junho de 2025 – O governo do Irã declarou oficialmente o fim da guerra contra Israel, após 12 dias de confrontos diretos sem precedentes na história recente da região. O anúncio, feito pelo presidente Masoud Pezeshkian, foi classificado como uma “grande vitória”, mas, poucas horas depois, Israel rejeitou o fim do conflito, prometendo seguir com operações militares.
Irã celebra “grande vitória” após 12 dias de guerra
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou nesta terça-feira (24) que a guerra foi “imposta ao Irã pelo aventurismo de Israel” e que o desfecho representa uma vitória para a nação persa.
O cessar-fogo entrou em vigor às 1h da manhã (horário de Brasília), mediado pelos Estados Unidos e Catar, mas já sob desconfiança devido a novos relatos de ataques isolados.
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, reforçou o tom de resistência, afirmando que “a nação iraniana não é uma nação que se rende”. O Comando Militar Conjunto do país foi ainda mais contundente, declarando que “Israel e os Estados Unidos devem aprender com os golpes esmagadores” sofridos no campo de batalha.
O governo iraniano também anunciou a reabertura de seu espaço aéreo, fechado desde o início do conflito, embora voos comerciais já começassem a ser retomados em caráter especial, segundo o site FlightRadar24.
Israel rejeita cessar-fogo e promete continuar ofensiva
Contrariando o anúncio iraniano, o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF), general Eyal Zamir, afirmou que o cessar-fogo não representa o fim da guerra contra Teerã.
“Um capítulo significativo terminou, mas a campanha contra o Irã não acabou. Precisamos permanecer em campo”, declarou Zamir, destacando que os ataques teriam adiado, mas não eliminado, o programa nuclear e de mísseis iraniano.
O tom foi reforçado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que afirmou em pronunciamento na TV que o “Irã permanece uma ameaça” e vinculou a continuidade da ofensiva ao cerco permanente à Faixa de Gaza.
Israel reconhece que 400 kg de urânio enriquecido a 60% continuam sob posse do Irã, quantidade próxima ao nível necessário para fabricação de armas nucleares — o que contrasta com a versão do presidente norte-americano Donald Trump, que alegou no sábado (21) ter “obliterado” o programa nuclear iraniano.
Foco volta para Gaza — genocídio segue impune
Com a pausa temporária na campanha contra o Irã, Israel volta sua atenção para o massacre em curso na Faixa de Gaza, que desde outubro de 2023 já deixou mais de 56 mil mortos, segundo dados do Ministério da Saúde palestino, embora Israel insista em afirmar, sem apresentar provas, que parte das vítimas seriam combatentes.
A ONU estima que mais de 90% das estruturas urbanas de Gaza estão destruídas, e cerca de 2 milhões de palestinos vivem sob fome, sede e deslocamento forçado, vítimas de um cerco militar e bloqueio humanitário absoluto imposto por Israel.
Na manhã desta terça (24), drones e tropas israelenses atacaram novamente civis que buscavam alimentos e água em pontos de distribuição de ajuda. 44 palestinos morreram no ataque, segundo o Hamas.
EUA em posição desconfortável
O cessar-fogo, articulado pelos Estados Unidos com apoio do Catar, já nasceu frágil. O próprio presidente americano, Donald Trump, demonstrou insatisfação, afirmando que “ambos os lados violaram o acordo” e chegou a advertir Israel:
“Se jogarem suas bombas, será uma grande violação”, declarou Trump, irritado com Tel Aviv.
Apesar de posar como mediador, Washington segue pressionado pela incoerência de sua política externa: de um lado financia Israel com bilhões em armamentos, do outro tenta conter o alastramento da guerra, que ameaça envolver diretamente outras potências regionais como Síria, Hezbollah e Iêmen.
O Diário Carioca Esclarece
O conflito revelou, mais uma vez, o fracasso da doutrina militar israelense e dos Estados Unidos em conter a resistência no Oriente Médio. O genocídio em Gaza, disfarçado de guerra contra o Hamas, e a tentativa de estrangular militarmente o Irã não apenas falharam, como também colocaram Washington e Tel Aviv em isolamento diplomático crescente, especialmente diante do Sul Global.
O anúncio do Irã de que venceu a guerra, enquanto Israel recusa admitir a derrota, expõe a crise da hegemonia militar dos Estados Unidos no século XXI.
FAQ – Perguntas Frequentes
A guerra entre Irã e Israel realmente acabou?
Oficialmente, o Irã declarou o fim do conflito. Israel, no entanto, afirma que sua campanha militar continua ativa.
O que motivou o conflito?
A escalada começou após ataques israelenses a instalações nucleares iranianas, seguidos de retaliações com mísseis contra bases dos EUA e alvos em Israel.
Como fica Gaza nesse cenário?
Com o cessar-fogo temporário no conflito com o Irã, Israel redireciona suas forças para Gaza, onde mantém um cerco genocida contra a população palestina.