Karen Hao - Foto: Reprodução
Atualizado em 27/11/2025 21:24

A jornalista Karen Hao, formada em engenharia mecânica pelo MIT, lançou a nova edição de seu livro The IA Empire [O Império da IA], fruto de mais de 200 entrevistas e documentos internos, traçando um panorama crítico do poder concentrado na indústria de inteligência artificial.

OpenAI e o mito do império benevolente

Ao visitar os escritórios da OpenAI em 2019, Hao percebeu fissuras no discurso idealista de Sam Altman, que prometia uma IA capaz de raciocinar como a mente humana para salvar o mundo. Publicar reportagens críticas custou-lhe acesso à empresa, mas reforçou seu compromisso: “No começo me senti muito mal (…) mas o importante não é manter o acesso, e sim dizer a verdade”.

Hao compara o setor de IA a antigos impérios, acumulando poder econômico e político. Identifica quatro dimensões dessa dominação:

  1. Apropriação de dados da internet para treinar modelos.
  2. Exploração de trabalhadores e automatização que corroem direitos laborais.
  3. Monopolização do conhecimento, controle de pesquisas e censura crítica.
  4. Uso de discurso moralista para justificar a expansão.
Karen Hao denuncia ChatGPT e OpenAI: IA como instrumento de desigualdade e erosão de direitos | Diário Carioca

Corrida tecnológica e narrativa de sobrevivência

Segundo Hao, empresas como OpenAI promovem a ideia de uma corrida civilizatória contra a China. Políticos, muitas vezes, aceitam acríticamente que a IA equivale a progresso, ignorando que impérios tecnológicos exigem zonas de sacrifício, prejudicando populações e o planeta.

Impactos ambientais e sociais

O crescimento de data centers aumenta drasticamente a demanda energética, ameaçando metas climáticas e agravando crises de água e poluição. A terceirização de tarefas críticas no Sul Global, como moderação de conteúdo no Quênia, expõe trabalhadores a sofrimento extremo, evidenciando exploração invisível ao usuário médio.

O código aberto como alternativa

Hao aponta que modelos de código aberto oferecem meios de contestar monopólios, mantendo dados locais e permitindo que pesquisadores independentes produzam conhecimento público sobre limitações, capacidades e regulamentação da IA. Essa estratégia reduz o poder concentrado e fortalece a resistência social.

Com informações de Outras Palavras

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.